Governo Lula não pode ser classificado como de esquerda, analisa professor da UnB

18/01/2006 - 21h53

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode ser classificado como de esquerda, afirmou Argemiro Procópio, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). Ele disse, no programa Diálogo Brasil de hoje (18) que existem muitas esquerdas e muitas direitas e não se pode "colocar no mesmo saco" um presidente como Hugo Chávez, na Venezuela, e Michelle Bachelet, no Chile.

"O governo Lula, em termos retóricos, é de esquerda. Apresenta-se com uma diplomacia de esquerda. Mas, com um governo que paga com antecedência uma dívida com juros injustos e que obedece rigorosamente ao figurino do Fundo Monetário Internacional (FMI), é impossível de ser classificado como de esquerda", debateu Procópio no estúdio da TV Nacional, em Brasília.

No estúdio da TV Cultura, em São Paulo, João Paulo Rodrigues, da diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), disse que há muita diferença entre os casos da Argentina, do Chile e do Brasil. "O MST vê o PT como, historicamente, uma plataforma de esquerda, mas atualmente tem uma política de centro", afirmou. Segundo ele, "o que fez com que o presidente Lula chegasse ao poder foi a política de esquerda e uma série de políticas antineoliberais".

No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, a professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Miriam Saraiva, ressaltou que as esquerdas têm, em comum, as preocupações no campo social, tanto em termos econômicos quanto em termos vinculados às questões sociais. "É fácil classificar um governo de direita. A esquerda não tem um modelo econômico claro e econômico que serviria como modelo ideal", analisou.

O cientista político do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), João Augusto de Castro Neves defendeu, no estúdio da TV Nacional, em Brasília, que, ao contrário do que afirmou Saraiva, o governo do Chile tem um programa: "a economia não é eleitoral, não se questiona, o Banco Central chileno é independente e a previdência social do Chile é privatizada". E concluiu: "olhando o lado econômico, a política do Chile não é de esquerda".

Os debates do Diálogo Brasil foram mediados pelo jornalista Luiz Fara Monteiro. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.