Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – A campanha da organização não-governamental (ONG) Visão Mundial usa como base os dados reunidos pela professora Maria Lúcia Pinto Leal, da Universidade de Brasília (UnB). Segundo a pesquisadora, dos mais de 5 mil municípios brasileiros, 930 apresentam grande quantidade de casos de turismo sexual. Segundo ela, o nordeste lidera o ranking de denúncias. Em segundo lugar vem o sudeste e depois as regiões sul, centro-oeste e norte.

A professora afirma que é preciso fortalecer os programas de combate a esse crime. "A rede de serviços de inclusão e programas de combate à exploração sexual são frágeis, fragmentadas e desarticuladas", diz. Segundo ela, mais do que programas, é preciso criar uma política pública nos três níveis de governo, União, estados e munípios. "Só as campanhas não adiantam se não houver uma política clara de combate à pobreza e à impunidade."

A professora da UnB disse ainda que prevalece, entre as crianças e adolescentes exploradas sexualmente, as meninas, de 15 a 25 anos, afrodescendentes. "Elas fazem parte das classes populares e já passaram por violência familiar, já sofreram explorações. Elas saem do interior para as cidades e são submetidas a uma sorte de propostas ilusórias de melhorar as condições de vida dela", conclui.