Pesquisa da FGV indica nível de atividade industrial fraco no início do primeiro trimestre

12/01/2006 - 15h01

São Paulo, 12/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - A indústria brasileira continua com um nível de atividade muito fraco no início do primeiro trimestre deste ano, a exemplo do que aconteceu no segundo semestre de 2005, indica a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação feita pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada hoje (12). De acordo com a sondagem, o nível de demanda global (interna e externa) por produtos industrializados foi considerado forte por 9% das empresas e fraco por 20%.

Segundo o coordenador de sondagens conjunturais do Ibre, Aloísio Campelo, os empresários afirmam que a situação dos negócios é fraca para a maioria das empresas, o que indica que a margem de lucro se achatou nos últimos meses. "A taxa de crescimento é baixa e os estoques são relativamente altos. Quer dizer, a indústria iniciou um processo de ajuste de estoque em meados do ano passado que ainda não terminou".

O nível de estoques é considerado excessivo por 12% das 489 empresas pesquisadas, e insuficiente por 3%. Campelo explicou que o resultado deve-se ao fato de que o ajuste nos estoques foi feito no meio do ano, talvez por não haver possibilidade de os empresários saberem antecipadamente o que aconteceria com a política monetária. "As empresas industriais terminaram acumulando estoques indesejáveis e, a partir daí, o desempenho da indústria no segundo semestre foi influenciado de certa forma por isso, porque começou a produzir em ritmo mais lento para fazer esse ajuste de estoque", disse Campelo.

Para ele, o desempenho da indústria nos últimos dois anos tem sido determinado pela política econômica, e o aperto da política monetária foi o principal fator determinante da desaceleração da indústria no ano passado. "Foi uma desaceleração gradual, mas que terminou atingindo todos os segmentos da indústria ao longo do ano e, quando chegamos ao último trimestre, a indústria estava quase parando". Segundo o economista, as exceções foram os segmentos ligados às exportações e bens duráveis, que conseguiram se manter mais do que os outros, mas que, mesmo assim, já estavam desacelerando no final do ano.

De acordo com Campelo, as previsões para o primeiro trimestre são de que 38% das empresas produzam mais nesse período, embora 34% devam diminuir seu ritmo. "As projeções são boas em termos de produção, de compras, e até a demanda no início deste ano. Para os próximos seis meses, a avaliação sobre a situação dos negócios também é favorável. Ela parou de piorar e melhorou um pouco em relação às previsões dos empresários no segundo semestre do ano passado". Para 55% das empresas, haverá melhora nos negócios e para 12%, piora.

Apesar das previsões otimistas, o emprego aparece como ponto negativo na Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação do Ibre-FGV. Entre as empresas entrevistadas, 11% prevêem aumentar o número de vagas, enquanto 32% pretendem reduzir. "Aparentemente, a desaceleração que ocorreu, e persistiu até o final do ano passado tem impacto um pouco defasado sobre o emprego. Mesmo para uma época do ano em que há mais demissões do que contratações, o resultado obtido na sondagem mostra que as perspectivas não são muito favoráveis neste início de ano".