Ex-diretor da Prece aponta motivação política na escolha do Banco Santos para administrar recursos

12/01/2006 - 18h10

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A sub-relatoria de Fundos de Pensão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios ouviu hoje (12) dois ex-diretores financeiros da Prece, fundo de pensão da Cedae, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro: Pedro José Mercador Mendes, que ocupou o cargo de janeiro a agosto de 2002, e Ricardo Afonso das Neves Leitão, diretor administrativo e financeiro de 1999 a 2001. Parte da sessão foi aberta ao público e parte foi reservada, para discussão de dados sigilosos sobre o fundo que estavam de posse da comissão.

Um dos questionamentos feitos pelo sub-relator Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) foi quanto à mudança da administradora dos recursos da Prece, em 2002. Mesmo não estando mais no cargo na época da mudança, Mendes disse acreditar que houve "motivação política" na troca do Banco Melo Brascan pelo Banco Santos. "O Banco Santos, naquele momento, não era bem visto no mercado. Ele apresentava riscos para qualquer carteira", afirmou o ex-diretor.

Ontem (11), o atual gerente de investimentos da Prece, Paulo Martins, disse à CPMI que uma das primeiras providências que tomou, ao assumir o cargo, em 2003, foi substituir o Banco Santos pelo banco de investimentos Quality na administração de uma das carteiras do fundo de pensão.

Antonio Carlos Magalhães Neto também questionou o fato de a Prece ter tido uma de suas maiores rentabilidades negativas - 30% em 2002 - justamento durante a administração de Pedro José Mercador Mendes. Ele atribuiu os maus resultados daquele ano aos reflexos na economia mundial depois do atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque. "O atentado de 11 de setembro influenciou drasticamente a economia", disse o ex-dirigente da Prece.

"A Bolsa de Valores também caiu 30% em sete meses, em 2002", contra-argumentou Mendes, ao ser questionado pelo sub-relator. Mendes afirmou que não foi em sua gestão que o Banco Santos, na qualidade de administrador da carteira de investimento da Prece, vendeu ao fundo de pensão R$ 11 milhões em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) da própria instituição financeira.