Alencar diz que superávit alto é insuficiente para orçamento equilibrado

10/11/2005 - 22h13

Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – O vice-presidente da República e ministro da Defesa José Alencar afirmou hoje (10) que não há desentendimento entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em relação às críticas que ela fez sobre a proposta de ajuste fiscal de longo prazo. "Mas é preciso convencê-lo de que ele está errado", acrescentou.

Durante cerimônia de apoio ao esporte militar, no ministério da Defesa, Alencar disse que "o regime de juros no Brasil, no que diz respeito à taxa Selic, é o mais alto do mundo. A rubrica dos juros, que constrói toda essa dificuldade, é dez vezes superior à média internacional. O superávit, ainda que seja altíssimo, é insuficiente para que nós tenhamos um orçamento equilibrado".

Segundo o ministro, "a taxa básica real praticada no Brasil é de 13,5%, o que é uma preocupação muito grande para a inflação". E "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convencido de que as taxas altas são necessárias para evitar o recrudescimento inflacionário, mas estão matando a economia".

Na opinião de Alencar, "não adianta a taxa de juros para combater esse tipo de inflação. Dois terços da população brasileira consomem o essencial, não tem consumo exagerado que pudesse ser achatado com taxas de juros altas. Você não pode achatar o consumo de quem não consome. A taxa passa a ser inóquoa como instrumento de combate à inflação".

O orçamento brasileiro, segundo o vice-presidente, é deficitário: "Nós falamos que temos responsabilidade fiscal, mas na prática estamos sendo irresponsáveis nesse ponto de vista, apesar do elevado patamar do superávit primário. As taxas de juros com que nós rolamos nossas dívidas são despropositadas. Elas não podem continuar porque impedem o desenvolvimento e o crescimento de oportunidade de trabalho para todos".