Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 400 famílias de trabalhadores rurais sem terra ocupam, desde o dia 25 de setembro, parte da fazenda Agroreservas em Unaí – cidade mineira na divisa com o Distrito Federal. De acordo com um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gaspar Martins, oficiais de Justiça entregaram hoje decisão judicial que obriga os trabalhadores a se retirar amanhã (13) da fazenda. "O Comando do Exército também avisou que fará a retirada amanhã", disse Martins.
Segundo ele, as famílias sem terra estão decididas a resistir. Para tentar uma solução para o impasse, o MST pretende conversar na manhã desta quinta com o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, e com o secretário de Direitos Humanos, Mário Mamede. Na última sexta-feira (7), o juiz da Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais, Fernando Humberto dos Santos, já havia concedido liminar que permitia aos proprietários a reintegração da posse da fazenda, mas uma negociação possibilitou uma ampliação do prazo.
A fazenda Agroreservas tem 30 mil hectares e pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como "religião dos mórmons". Com base em um estudo do Instituto de Terras de Minas Gerais (Iter) sobre registros de terra irregulares, o MST afirma que a área ocupada em Unaí é pública e, por isso, reivindica que ela seja usada na reforma agrária. Já os donos da fazenda alegam ter comprado as terras há dois anos do Grupo Votorantim.
Na decisão judicial, o juiz da Vara de Conflitos Agrários reconhece a propriedade da terra e atesta que a área ocupada, além de gerar 300 empregos, é produtiva. Para ele, qualquer desapropriação necessitaria de um processo que comprove a irregularidade dos documentos de posse da terra.