Citibank enviou carta ao governo reclamando de interferência na disputa por telefônica, diz Dantas

21/09/2005 - 21h29

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O banqueiro Daniel Dantas disse que levou à direção do Citibank, um dos acionistas da Brasil Telecom, as informações sobre a pressão que teria recebido do então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, para que o Oportunity se afastasse da conselho gestor da empresa telefônica. Segundo Dantas, a direção do Citibank enviou ao governo brasileiro uma carta demonstrando preocupação com uma possível ingerência governamental nos assuntos internos da Brasil Telecom.

Dantas prestou depoimento hoje (21) às presta depoimento às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPMIs) dos Correios, da Compra de Votos e dos Bingos. Daniel Dantas afirmou que, na conversa com o então presidente do Banco do Brasil, Casseb teria dito que falava em nome do governo. Apesar disso, o banqueiro disse que jamais recebeu qualquer pressão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para que se afastasse do controle acionário da Brasil Telecom.

Ainda sobre a carta, Dantas disse que não havia motivos para que o ministro Palocci se sentisse incomodado. "Quem deveria ficar incomodado com a carta teria que ser o Cássio Casseb", acrescentou o banqueiro. A reunião com Casseb foi articulada pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que estaria preocupado com a disputa entre os acionistas da Brasil Telecom - Oportunity, Itália Telecom, Citigroup e fundos de pensão.

Daniel Dantas disse que jamais conversou com o ex-ministro da Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken. Dantas disse que, sequer, conversou com Gushiken. Ressaltou que ainda foi tentada uma audiência por parte de uma funcionária do banco Oportunity que não foi atendida.

Em abril, o Grupo Opportunity foi afastado do controle das empresas de telefonia Brasil Telecom, Amazônia Celular e Telemig Celular. O banco de Daniel Dantas exercia o controle das três empresas por meio do fundo de pensão CCV/Opportunity. A decisão que destituiu o banqueiro foi tomada a pedido de um dos sócios da empresas, o banco norte-americano Citigroup, e também aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O pedido aconteceu na época em que o dono do Opportunity foi denunciado por ter contratado a maior empresa de espionagem do mundo, a Kroll, para conseguir informações confidenciais da Telecom Itália e, com isso, ganhar o controle da Brasil Telecom. Na espionagem, foram grampeados os telefones do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e do então secretário de Comunicação, Luiz Gushiken. Por isso, o Citigroup, um dos integrantes do CVC/Opportunity, entrou na Justiça nos Estados Unidos para destituir o banco da gestão da telefônica.