Brasil já compreendeu a questão fiscal, diz Palocci

12/09/2005 - 22h24

São Paulo, 12/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou em palestra no 2º Fórum de Economia, promovido pela Fundação Getúlio Vargas, que "o Brasil definitivamente compreendeu a questão fiscal". Segundo o ministro, "nós saímos, dentro de um período de dez anos, de uma média negativa para uma elevação bastante importante".

Palocci enumerou os resultados obtidos com a política de ajuste fiscal na redução do endividamento do Estado, na queda do déficit nominal do setor público e na redução da dívida interna dolarizada a apenas 3% do total. "Nós acreditamos que perseverar no esforço fiscal vai nos levar a ter, em alguns anos, uma relação dívida/produto (comparativo da proporção da dívida do Estado com o Produto Interno Bruto do país) capaz de fazer com que os benefícios desse esforço fiscal se façam sentir, não apenas numa linha progressiva", disse. Ele lembrou que vários países fizeram um esforço para a redução da dívida e "na medida em que você persevera no esforço fiscal, a queda da dívida muitas vezes se dá numa velocidade muito grande".

"Nós sempre tivemos dificuldade com o tema fiscal. Nós sempre tivemos uma menor importância para a questão fiscal. E eu penso que isso está mudando. E não mudou com a minha gestão, não. Isso está mudando no Brasil, há alguns anos e agora está consolidada uma visão de que nós precisamos, no longo prazo, desse esforço fiscal", afirmou.

O ministro destacou que "o resultado na dívida é evidente – nos dois períodos de crescimentos importantes da dívida, lá atrás com a âncora cambial e depois, mais recentemente, com o ajuste de mercado na questão cambial, a persistência do esforço nos últimos anos já fez a dívida, de dezembro de 2002 a junho de 2005 cair 4,2 pontos percentuais do PIB". Na opinião de Palocci, "é um resultado bastante importante". Ele acrescentou: "Se consideramos o pico da crise, em 2002, eu diria que caiu 10% do PIB. Diante de um cenário da década, de crescimento constante da dívida, é uma inversão bastante importante".

Palocci também citou a mudança no déficit nominal do setor público "para valores bastante mais civilizados". E lembrou: "Nós tivemos na crise de 1999 o déficit nominal chegando a quase 14% do PIB (13,78%), na crise de 2002 chegando a mais de 10% do PIB (10,52%) e, mais recentemente, o déficit está em torno de 2%, 2,5%, 2,6% do PIB". Segundo o ministro, "se nós insistirmos no esforço fiscal por mais cinco anos, ou até antes, nós podemos experimentar o chamado déficit nominal zero no Brasil".

O ministro disse ainda não ver oposição entre o esforço fiscal e os avanços em investimentos sociais, porque o primeiro "ordena os programas sociais". Ele exemplificou com os investimentos do atual governo no financiamento da agricultura familiar, que cresceram 154%, e no programa Bolsa Família, que aumentaram 170% entre 2002 e 2005.