Batalhões da PM ocupam favela do Vidigal, no Rio

10/09/2005 - 6h29

Aécio Amado
Repórter da Agência Brasil

Rio - A Favela do Vidigal foi ocupada ontem (9) por policiais militares de vários batalhões do Rio de Janeiro. O comandante do 23º Batalhão, coronel Norberto Mendes, disse que a medida é necessária para combater a guerra entre traficantes rivais que lutam pelo domínio do comércio das drogas na região.

Os conflitos começaram na última segunda-feira (5), com a invasão do bando liderado por Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe do tráfico na Rocinha. Os traficantes ligados a Bem-Te-Vi se instalaram no alto do Morro do Vidigal e conseguiram tomar os pontos de drogas da quadrilha rival.

A guerra entre os traficantes já causou a morte de seis pessoas acusadas pela polícia de terem ligação com o tráfico. A assessora da Chefia de Polícia Civil, inspetora Marina Magessi, disse que a paz no Vidigal só vai ocorrer quando uma das quadrilhas conseguir o domínio total da região. Na avaliação de Magessi, o morro do Vidigal é considerado estratégico para os traficantes da Rocinha, por isso não querem ter por perto quadrilhas rivais.

A Rocinha e o Vidigal, na zona sul da cidade, são separadas por uma mata, mas com trilhas por onde os traficantes circulam. As duas favelas estão localizadas entre bairros de classe média alta (Leblon, Gávea e São Conrado), por isso consideradas áreas nobres para o comércio das drogas.

A paz nas duas favelas acabou no dia 9 de abril do ano passado, depois que um grupo de 70 traficantes liderados por Eduíno Eustáquio de Araújo, conhecido como Dudu, invadiu a Rocinha com a ajuda de traficantes do Vidigal, causando a morte de 8 pessoas. De lá para cá uma série de conflitos surgiram na região. No mais grave deles, uma das mais importantes vias da cidade, a auto-estrada Lagoa-Barra, ficou fechada por quase uma hora por causa de um tiroteio entre policiais militares e traficantes da Rocinha chefiados por Bem-Te-Vi, deixando motoristas e moradores em pânico.

A ação dos bandidos levou as autoridades de segurança do estado a determinar a ocupação da favela da Rocinha por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

A presença do Bope na Rocinha, no entanto, não impediu que traficantes locais, por ordem de Bem-Te-Vi, invadissem a favela do Vidigal, na última segunda-feira (5).

Leia as matérias do especial "Moradores da Rocinha, entre a polícia e os traficantes".