Fiscalização ambiental está mais séria, avalia prefeito da região do Xingu

28/08/2005 - 11h35

Spensy Pimentel
Enviado especial

Alto Xingu – A fiscalização ambiental tem se intensificado e está fazendo agricultores repensarem a decisão de promover desmatamento ilegal em Mato Grosso, na avaliação de Edson Harold Wegner, prefeito de Gaúcha do Norte (MT), município vizinho ao Parque Indígena do Xingu onde se localizam algumas das principais nascentes dos rios que cortam a área.

Wegner conta que os desvios na fiscalização ambiental em Mato Grosso eram notórios e incomodavam os agricultores, porque os funcionários corruptos chegavam às fazendas constatando irregularidades e não lavravam multas, apenas pediam propina. "Em 2004, a população da cidade se revoltou e chegou a cercar o hotel onde os fiscais estavam hospedados. Acho que isso só não teve repercussão nacional porque a cidade é muito pequena, mas nós todos por aqui já conhecíamos bem esses fatos que agora estão sendo mostrados", diz ele, em referência à Operação Curupira, da Polícia Federal, que, em junho, prendeu funcionários públicos da área ambiental em Mato Grosso.

O prefeito diz que uma operação de fiscalização que aconteceu no início do ano na cidade serve como baliza para ele afirmar que a situação mudou. Segundo ele, chegaram à cidade de uma vez 12 viaturas oficiais, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, do Exército, da Polícia Militar e até dos Bombeiros. "Eles chegaram e desfilaram pela cidade. A população se assustou, todo mundo se fechou dentro de casa e pessoas nas fazendas até fugiram", conta. "Hoje a fiscalização está séria. As multas estão de arrochar."

O resultado, conta ele, é que estão sendo aplicadas multas de até R$ 200 mil nos fazendeiros (R$ 1.500 por hectare irregular, segundo Wegner) e vários estão desistindo de plantar, porque, além disso, os preços de produtos como a soja estão baixos e há muito estoque nos armazéns. "O prejuízo é incalculável. Gaúcha parou este ano", diz ele. O prefeito estima que na safra passada o município plantou 28 mil hectares de soja e 17 mil hectares de arroz. "Se a política agrícola estivesse funcionando, a gente poderia dobrar a produção. Eu acho que vai é diminuir."

Wegner defende que se flexibilize a obrigatoriedade de 80% de reserva legal para o município, porque metade da área total de Gaúcha (17,6 mil km²), segundo ele, já corresponde a terra indígena (parte do Parque do Xingu). "A maior parte é chapadão (áreas planas e altas, de vegetação mais rala). Não tem problema. O que tem que preservar é as matas ciliares, em torno das nascentes", argumenta.