Palocci fala que parte do PT tem culpa, mas enfatiza necessidade de investigações

21/08/2005 - 19h58

Priscilla Mazenotti e Aloisio Milani
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Na entrevista convocada neste domingo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que uma parcela do Partido dos Trabalhadores tem culpa nas denúncias de corrupção apresentadas nos últimos tempos. Contudo, o ministro enfatizou a necessidade das investigações para comprovar as irregularidades.

"Acredito que uma parcela do partido tem culpa sim, mas tem que deixar que as investigações sejam feitas. Assim como o presidente reconheceu, ao dizer que achava que o partido também deveria pedir desculpas, acredito nisso. Não foram as instituições que fizeram isso, foram pessoas. Não estou aqui para julgar ninguém, mas não falaria em orquestração política", disse.

Na abertura da reunião ministerial, dia 12, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia afirmado que o PT e o governo têm que pedir desculpas ao povo brasileiro. "O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil, e que sonha com o Brasil, com uma economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo", afirmou o presidente à época.

O ministro Antonio Palocci afirmou neste domingo que o presidente Lula não tinha informações sobre as irregularidades no governo e no Partido dos Trabalhadores. "O presidente Lula não conhecia esses procedimentos que foram depois relatados. Estou convencido por ter um contato permanente com o governo, de ter estado com ele quando a primeira notícia apareceu, quando as primeiras denúncias vinculadas a órgãos do governo apareceram", afirmou. De acordo com Palocci, o presidente Lula nem conhecia "muitas pessoas que foram citadas como principais nesses procedimentos".

Palocci considerou correta a atitude do presidente Lula de pedir desculpas à nação por conta das denúncias de corrupção no governo. "Acho que o presidente foi muito feliz quando disse que ele, por parte daquilo que envolvia o governo, pedia desculpas à nação, que ele achava que o partido também devia pedir desculpas. Não foram as instituições que fizeram esses procedimentos, foram pessoas", disse.

Atualmente, o PT tem uma nova cúpula. Depois das denúncias que envolvem empréstimos do empresário mineiro Marcos Valério, sócio da agência de publicidade SMP&B, José Genoino deixou a presidência e foi substituído pelo ex-ministro Tarso Genro. Também foram afastados o ex-secretário-geral Silvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

Delúbio confirmou que obteve junto ao empresário Marcos Valério empréstimos, não registrados na Justiça Eleitoral, para pagar dívidas de campanha do partido.