Bloco de esquerda do PT faz ato de repúdio a ''criminoso esquema de financiamento de campanha''

11/08/2005 - 19h04

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Parlamentares do bloco da esquerda do PT no Congresso Nacional fizeram hoje (11), no plenário da Câmara dos Deputados, um ato de repúdio ao que classificam como um "criminoso esquema de financiamento de campanha". O ato foi motivado pelas declarações do publicitário Duda Mendonça na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na Empresa de Correios e Telégrafos.

Vinte deputados e quatro senadores do bloco assinaram uma nota pública que denomina o esquema revelado por Duda Mendonça como uma "afronta à ética na política", que trai a "esperança de mais de 52 milhões de votos concedidos em 2002", frustra e impede a "realização dos verdadeiros compromissos historicamente assumidos pelo PT em sua trajetória política no país".

A nota pede a imediata convocação do diretário nacional do partido, o afastamento dos dirigentes e parlamentares envolvidos nas denúnicas, e a saída dos deputados citados das comissões parlamentares inquéritos em funcionamento para apurar denúncias de corrupção.

"Exigimos satisfações do partido e um pronunciamento público do presidente da República. Acreditamos que ele não sabia desses esquema, mas é preciso que ele diga isso em um pronunciamento público à nação", defende o deputado federal Ivan Valente (SP).

Emocionada, a deputada Maria Maninha (DF) exibiu no plenário em faixa que diz: "Não em nosso nome". Ela propõe um rompimento com os integrantes do partido que tenham participado da formação sistemática de caixa 2 para o financiamento de campanhas: "Fomos traídos. Temos que passar a limpo em nome dos nossos sonhos e epseranças. Temos que estirpar esse tumor do PT."

O publicitário Duda Mendonça disse em seu depoimento que recebeu, sem declaração, cerca de R$ 15 milhões do PT. "A gente também não é bobo. Não pode emitir nota fiscal, está na cara que não é dinheiro oficial", afirmou. "Na verdade, esse dinheiro claramente era de caixa 2", disse à CPMI.

Duda diz ter recebido, sem registro, dinheiro em espécie do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e do empresário Marcos Valério. De acordo com o publicitário, todo dinheiro recebido em 2002 foi oficial, com notas fiscais. No ano seguinte, o publicitário continuou prestando serviços à legenda, e ainda tinha dívidas da campanha eleitoral. Segundo Duda, foi a partir de então que uma parte dos pagamentos começou a ser feito sem registro. Duda contou que recebeu "por fora" do PT, sem emitir notas fiscais, cerca de R$ 10 milhões, que foram depositados em uma conta nas Bahamas.

Veja, abaixo, quem são os parlamentares que assinaram a nota:

Senadores Ana Júlia, Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy e Sautirno Braga;

Deputados Chico Alencar, Maria Maninha, Iara Bernardi, Walter Pinheiro, Gilmar Machado, Guilherme Menezes, Ivan Valente, Paulo Rubens Santiago, João Grandão, Luiz Alberto, Dra Clair, André Costa, Antônio Biscaia, Orlando Fantazzini, João Alfredo, Nazareno Fonteles, Rosinha, Mauro Passos, Orlando Desconsi e Paulo Zimmerman.