Assembléia regional da CPT lembra mártires assassinados no Amazonas

11/08/2005 - 15h54

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – No último dia da 22ª Assembléia Regional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Amazonas, que desde a última terça-feira se realiza em Manaus, a missa que abriu os trabalhos foi dedicada à memória da irmã Cleusa Carolina Coelho. "Ela nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Dedicou 32 anos de sua vida missionária aos hansenianos, presidiários, cegos e aos índios. Foi assassinada no dia 28 de abril de 1985, às margens do rio Paciá, em Lábrea", contou Joedson Quintino, agente da CPT em Lábrea, município do sul do estado. "A gente costuma celebrar nossos mártires. Ontem lembramos Ivo Azevedo dos Santos, um agente ambiental voluntário, cadastrado no Ibama, que foi assassinado no dia 11 de janeiro de 2000, em Coari, com um tiro de espingarda, porque atuava na preservação dos lagos. Ele morreu jovem, aos 27 anos, e deixou a viúva grávida. Seus assassinos continuam soltos", lamentou Marta Valéria Cunha, agente da CPT em Manaus.

No chamado "livro dos conflitos" mantido pela CPT, há o nome de 56 pequenos agricultores que estão ameaçadas de morte no estado, em represália à luta pela reforma agrária e pela preservação e uso coletivo dos recursos naturais. "O Amazonas tem a fama de ser calmo, mas de fato é violento. E está ficando cada vez mais, principalmente devido aos conflitos no sul do estado", revelou Marta. "Antes não é que não houvesse conflitos, mas eles estão se acirrando, por causa do avanço do agronegócio, da madeira, da soja, do gado", opinou Auriédia Marques, coordenadora regional da CPT.

A Assembléia Regional da CPT acontece a cada dois anos. A deste ano é também uma assembléia eletiva, na qual serão escolhidos os novos coordenadores regionais da entidade, para um mandato de três anos. Participam da assembléia aproximadamente 50 agentes, de 14 municípios: Apuí, Lábrea, Tapauá, Tefé, Uarini, Fonte Boa, Manaus, Itacoatiara, Urucurituba, Presidente Figueiredo, Manacapuru, Novo Airão, Tabatinga e Amanã. A CPT tem hoje dez escritórios no estado, nos quais trabalham 80 agentes, sendo que 70 atuam de forma voluntária. As atividades são mantidas principalmente por meio de projetos financiados pela cooperação internacional espanhola e alemã.