São Roque é uma das cidades que deixou de ter escola técnica

07/08/2005 - 10h34

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – O Centro de Formação de São Roque (Centec), em São Paulo, um projeto da
central de sindicatos Social Democracia Sindical, é uma das 26 escolas do Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep) que estão com obras paralisadas. De acordo com a entidade, a construção da escola está parada desde outubro de 2002. Um erro de planejamento teria elevado o custo da obra e feito a empreiteira responsável abandonar os trabalhos.

O coordenador do projeto do Centec na época de sua implantação, Roberto Nolasco, diz que o prejuízo para a região do Cinturão Verde de São Paulo é grande, já que a escola atenderia a mais de seis mil alunos em 39 cursos profissionalizantes.

"É uma área que precisa urgentemente de modernização, principalmente na atividade da horticultura. E essa modernização está sendo afetada porque você não tem, próximo, nem com a distância média, alguém que possa dar esse tipo de curso. E esse papel seria do Centec", lamenta Nolasco.

Viviana Brum, de 34 anos, moradora da cidade de São Roque, trabalha como atendente em um restaurante e ganha R$300 por mês. Sem condições de pagar por uma escola particular, ela espera há mais de dois anos a finalização das obras do Centec de São Roque, para fazer um curso técnico de agronegócios

"Com esse curso técnico, acho que terei muito mais condições de poder trabalhar e ter um salário melhor. Vou continuar esperando essa escola começar a funcionar porque vai ser muito bom para muita gente. Vai poder dar uma qualidade de vida muito melhor a várias pessoas", diz.

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) em sete projetos financiados pelo Proep, concluída em maio deste ano, encontrou várias irregularidades. Em um dos convênios, feito com o Centro de Tecnologia da Bahia, instituição privada, previa a construção de um prédio novo na escola, com o custo de R$1,5 milhão.

O contrato firmado em maio de 2002 estabelecia que a construção do prédio deveria ser concluída até janeiro de 2003. Mas, de acordo com a auditoria realizada pelo TCU, as obras encontram-se paralisadas. O motivo, segundo os responsáveis pelo Centro de Tecnologia da Bahia, é que a verba repassada para o término da edificação não seria suficiente para acabar o prédio.

A auditoria do TCU constatou também que a paralisação das obras não é o único problema do Proep. Falta de pessoal, desvio de material e má administração prejudicam o bom funcionamento do programa. No Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Urutaí, em Goiás, por exemplo, as verbas de R$1,8 milhão investidas pelo Proep foram totalmente aplicadas na instalação dos laboratórios de agroindústrias de vegetais e de carne, que já estão prontos e com os equipamentos necessários para o funcionamento.

Mas a carência de recursos humanos do Cefet/Urutaí impede que as instalações sejam colocadas em funcionamento. De acordo com o diretor da escola, José Donizete Borges, os laboratórios deveriam estar funcionando no início do ano, porém, devido ao problema, eles só devem começar seus trabalhos agora, em agosto.

Ele explica que um ofício já foi enviado ao MEC, solicitando a realização de concurso para a contratação de profissionais, mas, até hoje, não houve respostas. "Nós temos uma carência de pessoal, mas fizemos agora uma contratação de pessoal terceirizado. Vamos trabalhar ainda com uma certa carência, porque precisávamos de um número maior de pessoas. Não vai dar para começar com carga total, mas dá para fazer alguns trabalhos", afirma Borges.