Karina Cardoso
Da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Oswaldo Baptista, definiu como "ousado" e "democrático" a terceira e última versão do anteprojeto sobre a reforma universitária, entregue hoje ao presidente Lula pelo então ministro da Educação, Tarso Genro. Na avaliação dele, o documento contém propostas importantes que visam garantir o fortalecimento das universidades, como a autonomia e o financiamento das instituições públicas.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, que também falou sobre o anteprojeto, ressaltou que a regulação do ensino superior privado pelo poder público é um avanço e garantirá maior qualidade na formação dos alunos. Disse, ainda, que vai lutar para que o texto não sofra mudanças até virar projeto de lei. "Confiamos no projeto, mas tememos que ele seja modificado pela área econômica do governo", afirmou.
O anteprojeto também traz ações de inclusão para alunos afrodescendentes e indígenas. A iniciativa seria viabilizada por meio da implantaçáo de um sistema de cotas pelas universidades públicas até 2015. Sobre o assunto, o diretor-executivo do Movimento Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), frei Davi Santos, lembrou que falta "boa vontade" dos reitores para implantar o sistema. "Cerca de 90% das universidades públicas que não adotaram as ações não organizaram sequer um único debate com os alunos e professores. Há uma omissão por parte dos reitores", observou.
Para o presidente da Andifes, as instituições precisam de liberdade para que a inclusão dos alunos seja feita de outros modos e não só pelo sistema de cotas. "É essa liberdade que as universidades querem", argumentou, ressaltando que as cotas só são possíveis se houver planos que mantenha o aluno na universidade, como alojamentos e restaurantes populares.