Dono da Skymaster diz na CPI dos Correios que pediu ajuda a ex-dirigente petista

13/07/2005 - 23h39

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O dono da companhia aérea Skymaster, Luís Otávio Gonçalves, disse hoje (13) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios, que em 2003 procurou o ex-secretário geral do PT, Sílvio Pereira, para pedir ajuda no processo de renovação do contrato de transporte de cargas do Correio Aéreo Noturno. Segundo ele, a decisão de procurar Sílvio Pereira foi tomada quando percebeu que "estava sendo prejudicado" pela direção da empresa no sentido de não renovar o seu contrato.

Luís Otávio Gonçalves afirmou que se reuniu com o ex-dirigente petista no hall de um hotel em São Paulo, onde teria pedido que ele intercedesse junto "a instâncias superiores", uma vez que estaria sendo prejudicado nos Correios. E que Sílvio Pereira disse que estudaria o assunto e depois lhe daria uma resposta. "O Sílvio Pereira nunca deu resposta", disse o empresário. Atualmente, o contrato com os Correios representa 50% do faturamento da Skymaster, lembrou Gonçalves.

Ainda na tentativa de evitar uma licitação dos dois trechos que detinha, o dono da Skymaster disse ter conseguido uma audiência com o então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, a quem fez um relato completo da situação em que se encontrava. "Mostrei todos os documentos, ele ficou impressionado, chamou seu assessor e pediu que marcasse uma reunião com o presidente dos Correios, Airton Langardo Dipp", disse o empresário. E acrescentou que o então ministro lhe disse que "se o Dipp não cancelasse a licitação, ele mesmo cancelaria".

Luís Otávio Gonçalves contestou as declarações de ex-dirigentes dos Correios de que não quis negociar o valor do contrato com a estatal. Segundo ele, na reunião com o grupo de trabalho destinado a estudar o assunto, não lhe foi permitido discutir a revisão do contrato. Disse, também, que apresentou os cálculos da planilha de custo de sua empresa, comparando-a com a planilha de custo do Departamento de Aviação Civil (DAC). Gonçalves afirmou que os custos do DAC eram mais elevados que os da Skymaster.

Diante da insistência da direção dos Correios em licitar os trechos que detinha, o empresário reconheceu ter entrado no processo de licitação com preços subfaturados que lhe garantiram a vitória. Como esses valores eram "inexeqüíveis", o empresário disse ter pedido um aditamento de preço em fevereiro de 2004 – o contrato havia sido assinado em dezembro de 2003. Segundo Gonçalves, a estatal fez o reequilíbrio de preços com todas as empresas aéreas que atuavam no Correio Aéreo Noturno, em abril e agosto de 2004.

As declarações do empresário foram questionadas pelo relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele criticou o fato de a Skymaster ter ganho uma licitação dos Correios, com preços declaradamente subfaturados e, depois, não querer assinar o contrato e questionar o edital de licitação fora do prazo legal. "Participar de uma licitação com proposta inexeqüível e depois pedir reajuste nos preços é caminho para a fraude", disse Serraglio ao empresário.