Ex-secretária de Marcos Valério entrega fichário com 200 nomes para CPI dos Correios

07/07/2005 - 23h07

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A secretária Fernanda Karina de Souza entregou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios um fichário com 200 nomes de pessoas que mantinham contatos freqüentes com o seu ex-chefe o empresário Marcos Valério de Souza. O fichário, segundo Karina, estava guardado em sua casa. Ela trabalhou como secretária-executiva de Valério por nove meses na SMP&B, uma das empresas de publicidade da qual ele é sócio.

Em quase seis horas de depoimento, ela reafirmou que Marcos Valério teria contato com o ex-secretário de Finanças do PT, Delúbio Soares, e o ex-secretário geral do partido, Sílvio Pereira. Fernanda Karina disse, na CPMI, que o deputado José Mentor (PT-SP) teria conversado, por telefone, com o empresário mineiro. Na ocasião, acrescentou, ele era o relator da CPMI que investigava denúncias de remessas irregulares para o exterior por meio de contas CC-5. De acordo com a secretária, logo após a conversa com Mentor, o empresário Marcos Valério teria determinado a ela que picotasse todos documentos que estavam arquivados em 25 pastas. "Ele ficou comigo até eu terminar", afirmou.

Karina desmentiu Valério que, em seu depoimento à comissão, disse não conhecer doleiros e não ter qualquer negócio com eles. Segundo ela, o empresário se utilizou de um doleiro de Belo Horizonte cujo primeiro nome é "Haroldo" numa transação que envolveu três cavalos. A secretária deu aos deputados e senadores o endereço onde funcionaria a casa de câmbio deste doleiro: Avenida do Contorno, 5517, 6º andar.

A secretária disse nunca ter recebido "nenhum centavo de político, nem de ninguém". Com os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados ela afirmou que os parlamentares poderão ver que ela ficou "no cheque especial quase um ano".

Entre outras informações, Karina afirmou também que Marcos Valério teria se reunido com o ex-presidente do Banco Popular, Ivan Guimarães, e o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação do governo (Secom), Marcos Flora.