Ciesp: declarações de Lula acalmaram mercado

29/04/2005 - 20h55

São Paulo, 29/4/2005 (Agência Brasil - ABr) - As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, acalmaram o mercado. A avaliação é do presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Cláudio Vaz: "A coletiva mostrou a possibilidade de as políticas de governo ampliarem a oferta de produtos, não apenas o crescimento dos juros".

Vaz destacou, na entrevista do presidente, a declaração de que as taxas de juros não podem ser o único instrumento de controle da inflação: "A observação é importante e abre espaço para que a gente solicite uma atenção maior nas políticas de investimento, que é a única maneira de crescer com inflação baixa." E enfatizou o reconhecimento, pelo Banco Central, de que a capacidade de crescimento da economia brasileira é limitada pela falta de oferta, que "só pode ser combatida pelo investimento produtivo".

A menção do presidente às cooperativas de crédito também foi importante, segundo Cláudio Vaz. Lula declarou que sonha em transformar o Brasil no maior país cooperativado do mundo. "A Ciesp tem três cooperativas e pretendemos ampliá-las. Claro que não é uma solução milagrosa, mas é um importante meio de facilitar o crédito e baixar a taxa de juros", comentou Vaz.

Com relação ao comentário do presidente de que alguns setores da economia aumentavam os preços, gerando inflação, ao primeiro sinal de aquecimento de consumo – e que a redução da alíquota de importação do aço foi uma tentativa de regular o mercado –, Cláudio Vaz garantiu que isto só acontece porque não houve investimento no passado. "O Brasil ficou muitos e muitos anos sem investimentos importantes na área siderúrgica. Quando o mercado internacional reagiu e houve uma demanda externa, esgotou-se grande parte da capacidade de produção", explicou. E acrescentou: "É preciso administrar a demanda com estímulos à oferta. Se não, o único instrumento que sobra é o juro alto, que pode até controlar a inflação, mas controla trazendo uma restrição ao crescimento."

O presidente da Ciesp reiterou o argumento de que em 2005 o ritmo de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e industrial será inferior ao de 2004 – Lula afirmou na coletiva de hoje que tem "convicção de que vai se repetir o resultado importante do ano passado". Para Cláudio Vaz, 2005 será positivo graças à exportação, pois foram fechados contratos de longo prazo que precisam ser cumpridos independentemente do câmbio. "Essa exportação está sustentando e ampliando o nível de atividade da indústria. Então, na média, a indústria vai crescer, mas com certeza menos que no ano passado", avaliou.

E destacou que setores beneficiados pelo crédito consignado também devem puxar o crescimento: "Foi uma ação importante do governo que permite para os setores de bens duráveis, principalmente, que mantenham uma estabilidade de consumo no mercado interno".