Procurador associa deficiências da Funai a suspeitas de venda de sangue de índios

27/04/2005 - 20h18

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O procurador da República de Rondônia Reginaldo Pereira de Trindade associou hoje a falta de aparelhamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) às suspeitas da venda de sangue de índios brasileiros. Segundo Trindade, se a Funai não fosse tão deficiente, a suspeita de venda de sangue de índios das etnias Suruí e Caritiana poderia ter sido evitada. Em depoimento na CPI da Biopirataria da Câmara dos Deputados, o procurador informou que recebeu, nos últimos dias, denúncia de que material genético dos índios Urueuauau e sementes de mogno estariam sendo contrabandeados da aldeia.

O procurador Reginaldo Trindade é responsável pela ação civil pública que investiga a venda de sangue de índios Suruí e Caritiana. Ele disse que, em 2002, o Ministério Público de Rondônia entrou com ação pública com base em uma denúncia de nove anos atrás. De acordo com o procurador, o médico brasileiro Hilton Pereira da Silva, que acompanhava uma equipe de TV inglesa na região, teria coletado sangue dos índios Caritiana.

Segundo o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Biopirataria, deputado Sarney Filho (PV-MA), existe um site na internet (Coriell Institute for Medical Research) vendendo até hoje sangue de índios Caritiana de Rondônia. "Vamos (CPI) oficiar os Ministérios das Relações Exteriores e da Justiça para que tomem providências a respeito da venda de sangue e também para que possamos acionar, dentro da legislação internacional, para que o governo americano determine a retirada do site do ar e puna os responsáveis", informou Sarney Filho.

O deputado disse que a CPI vai tornar pública a preocupação com a pirataria de sangue de índios, procurar a Embaixada dos Estados Unidos e pedir providências para retirada do ar do site que anuncia a venda de sangue de índios, além de esclarecimentos sobre o assunto. "Vamos saber o que está por traz da venda de sangue. Esses irresponsáveis estão vendendo genes de índios, e a gente não sabe por que motivo, nem quais os usos que poderão ser feitos desse material", acrescentou Sarney Filho.