Policial acusado de contrabando de armas depõe em sessão secreta de CPI

27/04/2005 - 21h31

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O tenente-coronel Valdir Copetti Neves, da Polícia Militar do Paraná, invocou por várias vezes o direito de silêncio para não responder a perguntas dos deputados da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga o tráfico de armas. Copetti valeu-se do segredo de justiça no processo que corre contra ele para não responder à maioria das perguntas. Ele se dispôs, entretanto, a responder às perguntas em sessão reservada da CPI, na noite de hoje. Na sessão aberta, o militar negou qualquer envolvimento com o contrabando de armas e com a formação de milícias para defender fazendeiros do Paraná.

Copetti negou que a Polícia Federal (PF) tenha encontrado com ele 18 armas de fogo. "Eu não tinha 18 armas. Eu tinha quatro armas em casa, todas legais e normais de um policial", disse ele. O tenente-coronel foi preso no início de abril, em operação da PF em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Segundo investigações da PF, Copetti chefiava um grupo criminoso que, dentre outras atividades, contrabandeava armas para patrulhamento em fazendas invadidas por sem-terra, visando à desocupação forçada.

O policial, que responde a inquérito administrativo, acusou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de comprar armas contrabandeadas para os acampamentos. Ele disse que tem os nomes das pessoas que vendem armas para o MST, mas que só os revelaria em reunião fechada da CPI. "Tenho documentos nas mãos, que vou passar para a CPI em sessão reservada, com os nomes das pessoas que traficam armas ilegalemente para os acampamentos do MST", afirmou.

Copetti também acusou o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, de envolvimento com o tráfico de drogas e com escuta ilegal de telefonemas. "Tenho provas contra o secretário e vou apresentá-las na sessão reservada", prometeu.

O ex-cabo da Polícia Militar do Paraná Adair Sbardela, que também depôs na CPI, disse que trabalhou com Copetti. Ele se se recusou a detalhar que tipo de trabalho os dois faziam juntos. O ex-cabo usou o direito de permanecer em silêncio para não responder às perguntas dos parlamentares. Ele disse que não sabe nem por que foi preso. Contou que estava em casa e foi pego de surpresa, quando a Polícia Federal chegou e apresentou o mandado de prisão.

O ex-cabo e o tenente coronel devem depor na noite de hoje, em sessão secreta da CPI, da qual participam apenas os deputados. Pelas normas regimentais, as informações prestadas em sessão secreta devem ser reservadas somente aos membros da CPI.