Posição política e casos de abusos sexuais impediram eleição de um Papa do Continente Americano

19/04/2005 - 18h34

Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil

Rio - Correntes católicas como a Teologia da Libertação e o grande número de denúncias de casos de abusos sexuais nos Estados Unidos envolvendo padres podem ter contribuído para que nenhum representante do continente americano tenha sido escolhido como Papa, segundo a avaliação do abade do Convento de São Bento, Dom Roberto Lopes. De acordo com ele, esses fatores, junto com a pouca experiência de sacerdotes do continente, teriam sido decisivos para a eleição de um Papa europeu, o alemão Joseph Ratzinger.

A teologia da Libertação, combatida por João Paulo II, surgiu na América Latina após as transformações introduzidas na Igreja pelo Concílio Vaticano II (1962), consagrando "a opção preferencial pelos pobres". Ela ficou mais ligada às comunidades eclesiais de base, comprometidas com as lutas sociais, em um momento em que a região estava dominada por ditaduras militares e conflitos guerrilheiros.

Dom Roberto Lopes disse que a escolha do novo Papa trouxe alegria para católicos do mundo todo, juntamente com os monges beneditinos do convento, que também se sentiram "orgulhosos" pela escolha do nome Bento XVI. Ele afirmou, contudo, que grande parte dos católicos brasileiros, inclusive religiosos do país, esperavam um Papa com um perfil menos conservador, mas que "aos poucos as pessoas vão entendendo" e que "vai depender dele saber conquistar".

Segundo o abade, Bento XVI é um Papa de transição, que também deve ter sido escolhido por já ter a idade avança (78 anos). Ele considera que com isso, "Roma espera dar mais tempo para que os cardeais de países de fora da Europa, que já são nomes muito bons, possam amadurecer".