Missão chinesa está no Brasil para conhecer processo de produção de álcool

11/04/2005 - 19h34

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Técnicos chineses estão no Brasil para conhecer o processo de produção de etanol, o funcionamento das indústrias automotivas e a legislação do setor. A missão técnica, que chegou hoje a Brasília, passa também por São Paulo, Piracicaba e Rio de Janeiro e retorna à China sexta-feira (16). A visita estava prevista em memorando de entendimento assinado em novembro do ano passado.

Segundo o chefe da comitiva, Sun Xiaokang, a China vive um momento de expansão econômica expressiva, o que provoca carência de combustíveis. "O país enfrenta a falta de combustíveis por causa do crescimento econômico. Para economizar essa energia, temos projetos piloto em nove províncias. Nelas, a gasolina é misturada ao álcool", informou.

A proporção média de etanol usada nesses casos é de 10%, o que gera o consumo de um bilhão de litros de álcool por ano. Hoje, o Brasil produz 10,4 bilhões de litros anuais, segundo dados da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única).

"O Brasil está na vanguarda da utilização do álcool com gasolina. O país tem acumulado experiências na política de incentivos e tecnologia que merecem ser estudadas pela China", ressaltou. De acordo com Xiaokang, o governo chinês espera que a visita estreite relações políticas e comerciais e traga benefícios mútuos. Entre os benefícios, pode estar a exportação do produto brasileiro para aquele país.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Antônio Sérgio de Melo, a possibilidade existe. "O Brasil sempre deseja exportar, mas, neste momento, vamos mostrar os avanços brasileiros e o acúmulo de conhecimento". Segundo Melo, o futuro é de expansão das comercializações, mas isso demanda uma negociação mais longa com o governo chinês, que se inicia agora. Para ele, as exportações não vão provocar falta do combustível no mercado interno.

Melo disse que que o Brasil acumulou 30 anos de conhecimento sobre álcool – desde a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Por isso, acrescentou, há interesse do governo de que mais países comercializem o produto. "Assim, o etanol pode se tornar uma commodity. Quanto mais se estabelece intercâmbio com outros países para produção de álcool, melhor fica o mercado mundial de álcool. Temos tecnologia e o menor custo de produção do mundo", argumentou.

O secretário ressaltou que a China tem experiências com o álcool feito de milho. "Mas nós sabemos que a cana é mais eficiente, tem custo de produção menor e maior produtividade", afirmou. Dados do ministério indicam que o álcool produzido a partir da cana-de-açúcar custa US$ 0,20 o litro. O valor sobe, se a fabricação for com milho – US$ 0,31. No caso do trigo e da beterraba, os valores são US$ 0,48 e US$ 0,52, respectivamente.