Jucá nega ter oferecido fazendas fantasmas como garantia de crédito ao Banco da Amazônia

05/04/2005 - 19h22

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Previdência Social, Romero Jucá, rebateu as acusações de ter oferecido ao Banco da Amazônia (Basa) fazendas inexistentes no Amazonas como garantia de empréstimo feito pelo banco à empresa Frangonorte em 1996 – da qual Jucá foi sócio entre 1994 e o final de 1996. O ministro disse que as denúncias são "levianas", e atribuiu as informações às disputas políticas no estado de Roraima. Jucá também negou envolvimento em um esquema de suposta cobrança de propina no município de Cantá (RR), e que tenha patrocinado emenda no Senado Federal, incluída em uma Medida Provisória, autorizando o uso de terras na Amazônia na quitação de débitos previdenciários.

No caso do Basa, o ministro reiterou que já havia deixado a Frangonorte no momento em que o empréstimo foi realizado. Segundo Jucá, a empresa pertencia ao empresário Luiz Carlos Fernandes de Oliveira no momento em que as fazendas foram oferecidas como garantia do empréstimo. "Nunca tive imóveis no Amazonas para servir de garantia a nada. Outro empresário assumiu, e o Basa teve relação com esse empresário".

O ministro admitiu que foi fiador junto ao Basa, logo que assumiu o controle da Frangonorte, mas afirmou que o banco não retirou o seu nome como avalista após ter deixado a empresa. Jucá anunciou que já entrou com uma ação contra o Banco da Amazônia por não ter retirado o seu nome da operação. "O Basa não cumpriu os seus compromissos. Eu era fiador quanto entrei na empresa, mas quando saí, deixei de ser", disse.

Jucá disse que permanecerá à frente do Ministério da Previdência Social independente das denúncias, e revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não exigiu nenhum tipo de explicações sobre as acusações. "O presidente demonstrou tranqüilidade e respeito à minha gestão. Claro que não estou confortável ao receber denúncias levianas, mas estou tranqüilo para continuar com o meu trabalho à frente do ministério", enfatizou.

O ministro disse que vai fazer questão de tornar públicos os resultados das investigações promovidas pelo Ministério Público Federal sobre o caso, e garantiu que nenhuma irregularidade virá à tona. "Eu não tenho nada a esconder. O bandido da história não sou eu", disse. Jucá já entregou ao Ministério Público documentos sobre o período em que esteve na Frangonorte, dentro do prazo de 20 dias estabelecido pelo procurador-geral da República, Cláudio Fontelles.

Jucá é réu na ação de execução de uma dívida de R$ 18 milhões movida pelo Basa na 11ª Vara Cível de Belém (PA). O Ministério Público Federal no Tribunal de Contas da União (TCU) enviou na semana passada ofício ao Basa requisitando dados sobre os empréstimos à Frangonorte. O banco e o Ministério Público Federal investigam o caso.