Argentina renegocia com 76,07% dos credores da dívida externa e deixa morátória de três anos

03/03/2005 - 21h51

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da economia argentino, Roberto Lavagna, informou que 76,07% dos credores aceitaram a proposta do governo de renegociação da dívida argentina. O país havia proposto a troca dos papéis da dívida com desconto em média de 75% do valor original. Bônus com valor de US$ 100 passariam a valer, em média, US$ 25, mas teriam a garantia de serem pagos.

A aceitação do valor dos novos papéis pelos credores faz a dívida Argentina recuar de US$ 191 bilhões, em dezembro de 2004, para US$ 125 bilhões, ou seja, 72% do Produto Interno Bruto do país vizinho. Com a nova posição dos credores, a Argentina deixa a moratória, decretada no final de 2001.

O chanceler argentino, Rafael Bielsa, afirmou que a renegociação da dívida argentina "marca uma nova maneira de se relacionar" com os organismos financeiros internacionais, e pode servir de "parâmetro", não como "exemplo" para outros países. A Argentina não buscou ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para cumprir seus compromissos de pagamentos.

No Uruguai, quando participava da posse do presidente Tabaré Vázquez, o chanceler disse que "países com excedente em divisas" na região podem ajudar outros em dificuldade adquirindo seus bônus de dívida. Nesse sentido, de acordo com ele, a Venezuela já se comprometeu a comprar bônus da dívida argentina.

Apesar da política da Argentina de distanciamento do FMI, o presidente argentino Néstor Kirchner já tem um encontro marcado no próximo domingo, em Washington, com o presidente do Fundo, o espanhol Rodrigo Rato.