Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o jantar que reúne agora à noite o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sete senadores do PFL e um do PSDB não significa um desejo do presidente de aliciar oposicionistas. Segundo Sarney, no encontro de hoje, "o presidente vai apenas discutir os problemas que estão na agenda do Senado, sobretudo as Parcerias Público-Privadas, que ele está muito empenhado para que possam passar".
"Acho que uma interlocução com o presidente da República é sempre muito boa", acrescentou Sarney, lembrando que, muitas vezes, os chefes de governo são censurados por não adotarem a postura de conversar com os políticos. Ele ressaltou que, quando era presidente da República, sempre recebia parlamentares para dialogar.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, confirmou que o jantar na casa do ministro José Dirceu seria para discutir temas que estão na pauta de votações do Senado e interessam ao país. "É um jantar com agenda político-institucional", disse Rebelo, destacando que a oposição merece todo respeito e consideração. De acordo com o ministro, o governo quer manter com a oposição "um diálogo construtivo e respeitoso, em função dos interesses do país e da sociedade".
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) também descartou qualquer forma de aliciamento no convite para o encontro com o presidente e disse que é necessário dialogar com o Executivo. "Desejamos que não haja radicalização do governo, nem do PFL", afirmou Antonio Carlos, que reclamou da falta de diálogo entre o Executivo e os senadores. Ele ressaltou, entretanto, que considera o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), um bom líder. Na opinião do senador baiano, o jantar é importante para estreitar o relacionamento com o governo.
O senador Paulo Octávio (PFL-DF), cujo nome está na lista de convidados, disse que não recebeu convite para o jantar e que não iria. Dos nove senadores oposicionistas convidados, será o único ausente, embora tenha ressaltado que considera importante o diálogo. O tucano Álvaro Dias(PR), que não recebeu convite, afirmou que o presidente Lula pode até ser convincente e usar sua capacidade de seduzir, mas pode também exacerbar os ânimos da oposição. Segundo Dias, a oposição exerce um papel fundamental em qualquer democracia, e o presidente não deve tentar diminui-la.