São Paulo, 20/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - O mercado financeiro teve uma sexta-feira agitada. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou com alta de 1,84%, a 21.336 pontos, depois de cair quase 4% na manhã de hoje.
O dólar encerrou a sexta-feira com ligeira valorização de 0,10 por cento, vendido a R$ 2,961 reais. A moeda abriu em alta de 1,41% e chegou a R$ 3,10 em torno das 10h. Depois desacelerou aos poucos, fechando com cotação próxima a de ontem.
O C-Bond acompanhou o vai-e-vem do dólar. Chegou a apresentar 1,98% de variação, com os investidores internacionais adotando posições vendedoras, e fechou em alta de 0.93%, cotado a 94.63 centavos de dólares. Já o risco-país, índice que mede a confiança dos investidores internacionais na economia brasileira, fechou a sexta-feira em 589 pontos - pela manhã, o risco-Brasil ultrapassou a marca de 600 pontos.
Dois fatos importantes provocaram um movimento de precaução dos investidores: o escândalo político e o feriado. O mercado trabalhou em cima disso o dia todo", avalia Elói Dantas Jr, economista-chefe da Intercam corretora de câmbio. Segundo ele, as maiores altas ocorreram no turno da manhã, durante reunião presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros José Dirceu, Antonio Palocci e Guido Mantega.
"Com o feriado prolongado, foi se acentuando o temor dos investidores e muitos acabaram realizando o lucro. O raciocínio foi o seguinte: enquanto não há uma definição do que acontecerá, vamos nos garantir com moeda forte", relata o economista.
Durante o dia, o fluxo positivo, com maior oferta do que procura por dólar, acalmou o mercado. "Os exportadores aproveitaram a alta do começo do dia para vender dólares. Teve entrada pesada e acabou o dia com um fluxo líquido positivo. O C-Bond e a Bolsa acompanharam o mesmo raciocínio", explica Dantas Jr.
Dantas Jr acredita que apenas no começo de março será possível medir os reflexos do caso Waldomiro Diniz junto aos investidores externos. "A grande questão, que ainda não deu para sentir, é se o investidor externo vai continuar a investir no Brasil ou não. O Brasil foi impactado com esta notícia política e todo mundo está esperando o que vai acontecer", diz.
Ontem o mercado já vinha desmonstrando nervosismo. A Bovespa despencou 4,77%, segunda maior baixa do ano (no dia 29 de janeiro, o pregão fechou em queda de 6,14%). O dólar atingiu R$ 2,96, o valor mais alto dos últimos cinco meses, e o risco-Brasil teve alta de 4,99%, atingindo 589 pontos - o pior nível do ano. "Ontem e hoje, o mercado tem se movimentado em torno das especulações quanto ao que do que acontecerá com o ministro José Dirceu", resume Elói Dantas Jr.