Furlan diz que prioridade do governo é a reativação do mercado interno

09/02/2004 - 19h32

São Paulo, 9/2/2004 (Agência Brasil - ABr) - A reativação do mercado interno é uma das missões do Governo Lula em 2004, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, a empresários e representantes de câmaras internacionais de comércio em solenidade de instalação da São Paulo Chamber of Commerce, órgão da Associação Comercial de São Paulo. O objetivo maior é a criação de novos empregos, disse o ministro.

Furlan fez um balanço das atividades de seu ministério, enfatizando o pacote de desburocratização das exportações, lançado em julho do ano passado, e as visitas que fez a 32 países. "No comércio não há nada que substitua o contato pessoal. Plantei sementes", sintetizou, lembrando que em 2003 o governo federal fez uma escolha consciente pela ênfase nas exportações.

O ministro apontou duas oportunidades para o empresariado brasileiro no mercado externo, no curto prazo. A primeira delas é um espaço negociado com a maior rede de lojas de departamento britânica, a Selfridges. Durante três semanas, a partir de 4 de maio, a rede disponibilizará para os produtos made in Brazil áreas de 200 metros quadrados em suas principais lojas. "Esperamos divulgar o nome do Brasil como sinônimo de qualidade, o Brasil moderno, da qualidade, da alta tecnologia, da moda, do design", disse o ministro, com entusiasmo.

A segunda oportunidade de negócios apontada por Furlan é a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, marcada para 22 de maio. Uma missão comercial acompanhará o presidente.

Entre o empresariado, a preocupação maior é a necessidade de desmistificar as exportações.
"Nosso desafio é fazer do comércio exterior uma atividade de elite, mas de todos os empreendedores", disse o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos.

Neste sentido, tem papel fundamental a recém instalada São Paulo Chamber of Commerce. Em países como China e Taiwan, as pequenas empresas respondem por cerca de 80% do total das exportações. No Brasil, respondem apenas por 6%.

A Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e a Associação Comercial de São Paulo manifestaram preocupação com relação à decisão do Cade no caso Nestlé/Garoto, e suas repercussões sobre a economia e o emprego. "Em setores que não existe monopólio natural, ou legal, uma economia aberta representa melhor garantia para a população", diz carta aberta direcionada ao ministro. "Parece discutível considerar-se excessiva a participação da Nestlé, sem que se leve em conta o fato de que ela opera em um mercado aberto à entrada de novas empresas ou à importação de produtos", afirmam os empresários no documento.

Os empresários apontam ainda na carta que "a intervenção do Estado deve ser limitada e, sobretudo, eficiente". Segundo ainda o documento, "independente do mérito da decisão, o que mais preocupa o setor privado é o fato de que os órgãos burocráticos não têm prazo para responder às solicitações ou encontram expedientes para contorná-los, deixando as empresas absolutamente indefesas quanto ao tempo que pode demorar uma autorização ou decisão".