Após muita polêmica, Cancún avança na questão das barreiras tarifárias

13/09/2003 - 15h27

Cancún, México – Depois de três dias de debates complicados, os membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) continuam neste sábado em reunião. Segundo o porta-voz do organismo, há progressos no polêmico tema da abertura dos mercados mundiais aos produtos agrícolas.

Em uma conferência realizada na sexta à noite, Keith Rockwell disse que os negociadores da OMC se aproximavam de um consenso, enquanto preparavam uma nova proposta em busca da redução das diferenças entre as nações ricas e as pobres. "Houve avanços, em alguns casos significativos", disse.

Uma aliança de 21 países em vias de desenvolvimento, que representam a maioria da população mundial, pressionou os Estados Unidos e a Europa para que reduzam consideravelmente seus programas de subsídios agrícolas. O chamado Grupo dos 21 deu poucos indícios de que esteja disposto a ceder.

Alguns participantes expressaram seu medo de que os debates estanquem. No entanto, Rockwell disse que os negociadores alcançaram progressos nos encontros privados, inclusive no delicado tema da agricultura. O porta-voz não deu maiores detalhes.

Há outros temas complexos. Os representantes pareciam indecisos sobre a inclusão de quatro temas à rodada atual de conversações. Segundo o ministro canadense de comércio, Pierre Pettigrew, todas as partes estão polarizadas. "É difícil encontrar uma saída", disse Pettigrew.

Entre os novos temas, figuraria o estabelecimento de regras internacionais sobre os investimentos das companhias multinacionais. Os outros assuntos incluem as políticas de concorrência, a transparência nos contratos governamentais e a simplificação de procedimentos relacionados ao transporte através das fronteiras.

Na sexta-feira, chegou-se à conclusão de que há poucas coincidências nesses assuntos.
O ministro indiano de comércio, Arun Jaitley, argumentou que os preços de garantia impostos aos agricultores nos países ricos "levavam literalmente à miséria" os trabalhadores rurais das outras nações.

Jaitley apelou aos membros do Grupo dos 21 para que se mantenham unidos. E criticou o ambiente atual de negociações: "Trata-se mais de um argumento comercial, sobre quanto me dão e quanto dou em troca."

Os funcionários norte-americanos exigiram que as nações pobres abram seus mercados em troca das reduções nos subsídios. No entanto, o representante adjunto de comércio dos Estados Unidos, Peter Allegier, negou na sexta que seu país esteja pressionando as nações pobres.
"Tudo o que fiz foi apelar para que todos os países, incluídos os que figuram no Grupo dos 21, avancem e negociem com o mesmo espírito que descrevo agora, que cedam e recebam", disse.

Os países africanos se queixaram dos subsídios das nações desenvolvidas ao algodão, particularmente nos Estados Unidos. Em resposta, a União Européia assinalou na sexta que proporia este mês a seus estados membros o fim dos subsídios sobre o produto. Rockwell disse que havia uma idéia crescente de que um acordo sobre o algodão faria parte de um futuro convênio.

Informações da CNN Internacional