Platéia fica de fora em duas conferências sobre DNA

14/07/2003 - 18h42

Recife, 14/7/2003 (Agência Brasil- ABr) - A frase emblemática do físico britânico Francis Crick, enunciada em 1953, " Descobrimos o segredo da vida", traduz a importância da descoberta da estrutura molecular do DNA e o interesse que o assunto desperta dentro e fora da comunidade científica até hoje. Deste então até a clonagem da ovelha Dolly, foram necessários 50 anos de muita pesquisa e desenvolvimento científico.

O DNA foi tema de duas conferências, hoje, no primeiro dia de atividades da 55ª Reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife. O assunto empolgou os participantes da reunião. Para conseguir um lugar no auditório do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi preciso entrar na fila com 45 minutos de antecedência. A capacidade do auditório não foi suficiente para comportar o público interessado em ouvir tudo sobre o que a ciência sabe sobre a molécula que identifica os seres.

Pela manhã, o embriologista britânico, Keith Campbell, um dos criadores da ovelha Dolly, relatou sua experiência com clonagem e falou sobre a descoberta do DNA. A história da ovelha clonada da célula mamária da mãe, e única gestação completa de 277 óvulos implantados em ovelhas diferentes, foi um sucesso absoluto. Campbell ressaltou, no entanto, que a clonagem é uma técnica que deve ser usada apenas para fins terapêuticos no caso humano. Ele lembrou que os clones sofrem de envelhecimento precoce e podem apresentar problemas de saúde e de formação. Dolly, por exemplo, apesar de aparentemente normal, teve que ser sacrificada ainda jovem porque sofria de enfermidades típicas de uma ovelha com quase o dobro de sua idade.

Hoje à tarde, no mesmo auditório, os pesquisadores Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo (USP) e Francisco Mauro Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) retomaram o assunto na palestra "DNA: 50 anos depois". Salzano falou sobre a evolução orgânica do DNA e Zanoto sobre o DNA na dinâmica populacional de vírus.

Após as palestras, ficou claro que o nascimento da biologia molecular, a conseqüente possibilidade de manipulação genética dos dois mais importantes tipos de moléculas vivas - ácidos nucléicos e proteínas - e o estabelecimento do alfabeto genético que pavimentou o caminho para a produção de novas substâncias que podem curar doenças e salvar vidas, são parte da história científica mundial. Os palestrantes alertaram para o fato de que, embora a descoberta do DNA tenha aberto as portas para uma série de pesquisas, ainda há muito que estudar e investigar sobre a molécula da vida. Para eles, a genética certamente terá peso na determinação do caminho a ser seguido pela humanidade.