Lula quer 'proteção ao mais fraco' na criação da Alca e critica postura unilateral dos EUA

14/07/2003 - 15h04

Brasília, 14/7/2003 (Agência Brasil - ABr/BBC Brasil) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em entrevista exclusiva à BBC, um "critério de proteção" ao mais fraco na negociação na criação da Alca e criticou postura dos EUA. "Se não existir nenhum critério de proteção ao mais fraco, a hegemonia do mais forte vai prevalecer, e nós não queremos isso. Nós queremos uma negociação que efetivamente seja igual", afirmou Lula.

Para Lula, os países latino-americanos deveriam se unir para negociar em conjunto acordos comerciais com os americanos e também com a União Européia. "Nós queremos uma América do Sul unida, porque nós temos interesses comuns e porque nós temos interesses políticos, econômicos e sociais na América do Sul," disse o presidente.

"Os Estados Unidos querem mandar todos os problemas sensíveis para serem discutidos fora da Alca, ao mesmo tempo em que querem preservar sua agricultura. Mas querem, por exemplo, que os países pobres aceitem negociar compras governamentais", disse ele.

ESQUERDA

O presidente afirmou ainda que os países da América Latina "não são obrigados a seguir a agenda política dos Estados Unidos". O presidente respondeu a perguntas de leitores do site da BBC Brasil e de outros sites da BBC, que enviaram cerca de 5.000 perguntas para a entrevista.
Um leitor que se identificou apenas como Robert, de Atlanta, na Georgia, perguntou ao presidente que mensagem ele teria para os americanos que temem um governo de esquerda no Brasil.

"Os americanos não têm que temer um governo de esquerda, de direita ou de centro no Brasil. Os americanos têm que temer é o governo deles, o governo que eles elegerem - seja democrata ou republicano. O governo do Brasil é um problema do povo brasileiro", reagiu Lula.

Logo depois, no entanto, o presidente adotou uma postura mais diplomática, reconhecendo que "qualquer governo brasileiro sabe a importância que têm os Estados Unidos na sua relação política, na sua relação comercial com o Brasil".

As informações são da BBC Brasil.