Especialista defende participação de Lula em debates internacionais

14/07/2003 - 19h48

São Paulo, 14/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A participação do presidente Luis Inácio Lula da Silva em eventos internacionais, como a reunião do grupo Governança Progressista, no fim de semana, em Londres, é fundamental para marcar a presença do Brasil no mundo globalizado. A opinião é do professor de política internacional do Instituto de Estudos Políticos de Paris, Alfredo Valadão. "O mundo cada vez mais globalizado e com fronteiras abertas exige que o Brasil tome posições em relação aos assuntos mundiais", disse Valadão em entrevista à Rádio Nacional.

Na opinião do professor, Lula está mostrando desejar que o Brasil tenha uma liderança e assuma responsabilidades internacionais. "Não se pode ter responsabilidade ou liderança sem ter amigos", ressaltou Valadão. Ele defende a intensificação dos contatos com a Europa, onde o presidente, além de visitas oficiais, participou de um debate do antigo grupo Terceira Via, liderado pelo premiê britânico, Tony Blair, e rebatizado de Governança Progressista.

Valadão ressalta a importância de o Brasil participar das discussões que a Europa já está levantando sobre formas de conciliar capitalismo e justiça social numa mesma sociedade, processo definido como governança. Para ele, o socialismo já provou que é um fracasso, assim como o liberalismo de mercado não resolve o problema da justiça social. Solucionar problemas sociais e obter o desenvolvimento econômico é a grande questão que todos os países democráticos atualmente estão tentando resolver, disse.

Professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, ele considera importante o apoio manifestado pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, à inclusão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, como membro permanente, representando o mundo em desenvolvimento. O Reino Unido é membro permanente do Conselho ao lado de China, Estados Unidos, França e Rússia e poderá exercer influência favorável à entrada do Brasil.

"Se o Brasil fizer parte do conselho permanente, terá de se preocupar de maneira permanente com a segurança das Nações Unidas, não podendo mais ficar em cima do muro em cada crise internacional", disse Valadão.

Sobre o acordo comercial a ser firmado entre Brasil e países do continente africano, Valadão faz ressalvas. Ele considera o convênio importante, mas acha que o Brasil não pode pensar na África como solução para os problemas comerciais brasileiros.

Na opinião de Valadão, o Brasil deve concentrar-se no comércio com a África do Sul, a maior potência do continente, e com países africanos de língua portuguesa, o que traria uma grande força ao Brasil e a Portugal no mundo globalizado. "È preciso tomar cuidado para não pedir à África mais do que ela pode nos dar. Nós temos muito mais a dar pra África do que ela a nós", ressaltou o professor.

Álvaro Bufarah e Mariane Rodovalho