Brasília, 3/4/2003 (Agência Brasil - ABr/RTP) - O emissário especial das Nações Unidas a Pyongyang (Coréia do Norte), Maurice Strong, disse hoje que as divergências entre Washington e o regime de Kim Jong-Il poderão conduzir a um conflito armado. Maurice Strong afirma que a eclosão de uma guerra na península coreana é "inteiramente possível". Ele acrescentou que "há um potencial real. Penso que a guerra é desnecessária, impensável nas suas consequências, mas ainda assim inteiramente possível", afirmou Maurice Strong no decurso de uma conferência de imprensa em Londres.
A crise na península coreana teve início em outubro de 2002. A administração norte-americana revelou, então, que o regime de Kim Jong-Il havia admitido a continuidade de um programa nuclear à revelia de um acordo firmado em 1994. A partir de dezembro de 2002, a situação agravou-se consideravelmente. Pyongyang expulsou os inspectores da Agência Internacional de Energia Atômica, abandonou o Tratado de Não-Proliferação e reativou a central nuclear de Yongbyon.
O emissário especial das Nações Unidas mostra-se convicto de que a administração Bush não tem a intenção de lançar uma ofensiva militar contra a Coréia do Norte. Mas não deixa de sublinhar que a guerra é uma possibilidade com "potencial real". Na próxima quarta-feira (09), o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai analisar o "dossiê" nuclear da Coréia do Norte. Pyongyang tem deixado claro que uma eventual aplicação de sanções será interpretada como uma "declaração de guerra". Disse, ainda, que não consegue imaginar "que o Conselho de Segurança se apresse a impor sanções".
Pyongyang exige a realização de conversações diretas com Washington e o estabelecimento de um pacto de não agressão. De acordo com o emissário da ONU, a administração norte-americana "está preparada para dar uma garantia de segurança". Já quanto ao pacto de não agressão, Strong mostra-se menos otimista. O regime de Kim Jong-Il, afirmou, "está preparado para a guerra, mas ansioso pela paz". As notícias são da rede de televisão estatal de Portugal, RTP.