Brasília, 2/4/2003 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador do Programa Nacional de DST/Aids, Paulo Roberto Teixeira, vai reafirmar em Cuba as propostas que vem fazendo à Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à política de atenção aos portadores do HIV. Teixeira defende um compromisso maior da OMS com projetos de tratamento em países onde os anti-retrovirais ainda não são distribuídos à população infectada.
Paulo Roberto Teixeira vai participar do II Fórum em HIV/Aids e DST da América Latina e Caribe, que acontece em Havana de 7 a 12 de abril. A conferência vai discutir, entre outros temas, a importância do acesso ao tratamento como direito humano dos portadores e dever dos governos, bem como a mobilização da sociedade civil para o controle da epidemia.
"Vamos continuar defendendo a fabricação local e a importação de genéricos para a Aids, para ampliar o acesso ao tratamento nos países em desenvolvimento e discutir formas de controle da qualidade desses genéricos, como acontece hoje, no Brasil, onde os nossos remédios passam por rigorosos testes de bioequivalência e biodisponibilidade para se equipararem às marcas de referência", disse Teixeira.
Além do coordenador, 16 técnicos da Coordenação Nacional de DST/Aids integram a delegação brasileira que participará do fórum. Todos tiveram trabalhos selecionados para apresentação na conferência. Um deles, da assistente social Jacqueline Fabíula, mostra o impacto da Aids na Previdência Social do Brasil. O estudo mostra que, a partir de 1996, quando houve a introdução da terapia anti-retroviral, os pedidos de aposentadoria deram lugar aos auxílios por doença e aos benefícios de prestação continuada. Isso mostra que as pessoas estão vivendo mais e trabalhando também por mais tempo. Por outro lado, aponta para o empobrecimento da epidemia, já que os benefícios de prestação continuada não podem ser requeridos por pessoas de baixíssimo poder aquisitivo. E a doença atinge cada vez mais a população de menor poder aquisitivo nas periferias das grandes cidades e nos pequenos municípios onde o acesso aos serviços de saúde é mais difícil.
Outro trabalho para consolidar as ações do governo e do Sistema Único de Saúde (SUS) de combate à Aids será apresentado em Cuba. O projeto está sendo desenvolvido na Bahia, com o nome de "Cuidando do Cuidador". Envolve profissionais que trabalham no atendimento direto aos portadores de DST/HIV/Aids, e busca a humanização da prática profissional, para melhor acolhimento, aconselhamento e motivação da adesão ao tratamento. A Coordenação Nacional de DST/Aids já está trabalhando em conjunto com os demais ministérios e programas sociais do governo, para ampliar o atendimento aos portadores de DST/HIV/Aids no interior do país e entre a população de menor poder aquisitivo.