Brasília, 8/2/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, informou há pouco, à Agência Brasil, que a situação no município de Pesqueira (PE) já está calma. Ele contou que o clima estava muito tenso hoje cedo, quando chegou à região para acompanhar as investigações sobre o atentado contra o cacique Marcos Luídson de Araújo, o Marquinho Xucuru, ocorrido ontem à noite, e os conflitos que se seguiram depois.
Mas explicou que os índios, embora ainda estejam profundamente indignados com a violência sofrida, garantiram que a situação já está controlada. O ministro informou que a Funai e a Secretaria Especial de Direitos Humanos fizeram um acordo com o cacique Marquinho e que ele garantiu que o povo Xucuru vai confiar as investigações à Polícia Federal e cessar os conflitos. O ministro deve deixar Pernambuco hoje, por volta das 22h.
A Polícia Federal e a Polícia Militar também ficaram encarregadas de oferecer segurança à casa da mãe do cacique, sob supervisão da Funai. Neste momento, o cacique Marquinho presta depoimento na delegacia de Pesqueira. O caso está sob o comando do delegado Jorge Cunha, da Polícia Federal.
Nilmário Miranda viajou hoje da Base Aérea de Brasília, por volta das 8h30, acompanhado do presidente da Funai, Eduardo Almeida, do assessor do ministro da Justiça, Cláudio Beirão e da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Raquel Dodge. Eles chegaram por volta de 12h30 a Caruaru (PE), de onde seguiram de carro até o município de Pesqueira. O ministro disse que sua ida a Pernambuco visou buscar garantir a integridade da comunidade da região de Pesqueira e o rigor nas investigações sobre a violência contra os índios.
O índio Marquinho Xucuru, liderança local, foi ferido e dois outros índios morreram numa emboscada que teria sido armada por outro índio, Louro Frazão, supostamente ligado a fazendeiros da região. Um dos supostos envolvidos no atentanto ja foi identificado e preso. Os corpos dos dois índios mortos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Recife. Representantes do Movimento de Defesa dos Direitos Humanos e do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi) estiveram ontem no local para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.
Após o atentado, o clima na região da serra do Ororubá ficou tenso e ontem à noite, índios Xucurus puseram fogo em cinco casas e quatro carros dos Xucurus de Cimbres. Por medida de segurança, o líder do grupo, Espedito Alves, e 20 pessoas da família foram retirados da reserva e colocados sob proteção da Polícia Militar.
O deputado federal Fernando Ferro, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Gustavo Rodrigues, também acompanharam hoje a visita do ministro Nilmário Miranda à região.