Brasília, 04/02/2003 (Agência Brasil - ABr) - O encontro do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito Alimentar, Jean Ziegler, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto mudou por completo a visão do emissário suíço em relação ao governo brasileiro. Ziegler - que foi um crítico das políticas sociais do governo Fernando Henrique Cardoso - manifestou sua plena confiança no sucesso do programa Fome Zero e na conduta do novo presidente. "Estou convencido que a fome vai acabar no Brasil em quatro anos. É o maior e melhor programa que eu já vi", disse. "Ele é o primeiro presidente que fala claramente nos problemas sem querer escondê-los. Aqui o presidente diz que temos o problema", continuou.
Ziegler entrega no dia 16 de março seu relatório sobre a fome no Brasil. Elaborado durante o ano passado, o documento contém um mapa da fome no país com as áreas mais afetadas pelo problema. Apesar dos elogios ao novo governo brasileiro, Ziegler revelou que o texto vai apresentar muitas críticas ao país em razão do alto número de brasileiros que passam fome. Segundo ele, o documento não poderia ser diferente porque trata-se de um levantamento feito antes do governo Lula dar início ao seu programa de combate à fome. "O meu relatório é crítico porque é do ano passado. O governo Lula muda tudo. (O programa Fome Zero) é uma esperança para a ONU, para a Europa e para todo o mundo", disse.
Ziegler revelou ainda que o presidente Lula irá enviar à comissão uma mensagem na qual deve explicar ao mundo como o Brasil vai implementar em quatro anos o direito à alimentação para todos os brasileiros. Ziegler, que garantiu que também irá defender o programa frente aos demais membros da comissão, ainda enfatizou sua esperança de que o programa servirá de modelo para o mundo. "É uma esperança imensa não só para o Brasil, mas para o mundo", disse.
Sobre as divergências entre o atual governo e o anterior em relação ao número de brasileiros que passam fome no país, Ziegler disse que Lula explicou que usou como fonte de cálculo estimativas feitas pelos prefeitos do Brasil. O governo de Fernando Henrique Cardoso calculava o total de 22 milhões de brasileiros famintos contra 45 milhões apontados por Lula na campanha à presidência. No ano passado, Ziegler afirmou que o Brasil enfrentava uma "guerra social" por causa do flagelo da fome. As declarações causaram um mal-estar entre o governo brasileiro da época e a comissão, o que levou Ziegler a reconsiderar as próprias avaliações. Raquel Ribeiro e