Brasília, 2/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - Um novo indicador para medir o desenvolvimento de uma população foi lançado, hoje, em Brasília: é o Índice de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (I-DLIS). Ao contrário do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que trabalha com fatores como mortalidade infantil e acesso escolar, o I-DLIS mede os níveis de participação social e empreendedorismo entre os moradores de uma comunidade. "O índice mostra como a sociedade está organizada, o que independe da boa alimentação ou da expectativa de vida em uma cidade. Aí está a diferença entre o IDH e o I-DLIS", explicou o coordenador geral da Agência de Educação para o Desenvolvimento (AED), Augusto de Franco.
Com o novo índice, poderão ser obtidos dados mais precisos quanto ao número de empreendimentos de uma pequena cidade, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 14 milhões de empresas em todo o Brasil. Mas não há dados que tratam de pequenos municípios. De acordo com Augusto de Franco, não se pode fazer uma projeção com base em valores nacionais, já que isso pode levar a números que não traduzem a verdade. "O I-DLIS trará um conhecimento mais amplo sobre o desenvolvimento social em pequenas cidades", afirmou.
Antes de ser lançado, o indicador foi testado em oito municípios brasileiros. Os resultados foram animadores para as comunidades em que são desenvolvidas ações voltadas para o empreendedorismo e a participação social. Mambaí e Rianápolis, por exemplo, estiveram entre as cidades testadas. Ambas localizam-se em Goiás e apresentam quase o mesmo número de empreendimentos: a primeira tem 206 empresas e a segunda, 207. Entretanto, Mambaí apresentou um I-DLIS de 2,21, valor quase duas vezes superior ao índice de 1,18 obtido por Rianápolis. "Essa diferença mostra que os moradores de Mambaí realizam muito mais ações de voluntariado e organizam-se melhor em termos sociais", esclarece o coordenador da AED. Para o próximo ano, a previsão é de que os testes sejam feitos em 400 cidades brasileiras.
As ações que fizeram de Mambaí um município mais desenvolvido se devem ao fato de que, lá, existe um fórum de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável. Projeto elaborado pelo programa Comunidade Solidária, o fórum leva até as cidades mais pobres (com IDH inferior a 0,5 e com menos de 50 mil habitantes) agentes que possam ajudar os moradores a implantar projetos de cooperação e desenvolvimento local. Já existem fóruns em 700 municípios do País. "Fornecemos treinamento para que as cidades se tornem auto-sustentáveis", disse Ludgério Monteiro, Secretário Executivo do programa Comunidade Solidária. O I-DLIS, que poderá substituir o IDH futuramente, resultou de uma parceria entre o Comunidade Solidária, a AED e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).