Especialista alerta sobre efeitos desconhecidos do Botox

22/11/2002 - 8h47

Brasília, 22/11/2002 (Agência Brasil – ABr) – A edição de amanhã da revista British Medical Journal (BMJ) trará alerta de um neuro-fisiologista britânico sobre a falta de conhecimento dos efeitos a longo prazo da utilização de Botox no tratamento anti-rugas.

Segundo Peter Misra, do National Hospital for Neurology and Neurosurgery, em Londres, o produto, vendido sob o nome comercial de Botox, é um derivado da toxina do botulismo, uma infecção alimentar grave que pode matar, e obtido a partir de culturas da bactéria "Clostridium botulinum". Ele explicou que se trata de "um veneno extremamente potente, de tal forma que se chegou a pensar que podia ser usado para fins bioterroristas".

Dados divulgados pelo médico indicam que a venda de Botox, aplicado para atenuar rugas e marcas de expressão provocadas pelo excesso de contração dos músculos faciais, aumentou 1.500 por cento nos últimos quatro anos nos Estados Unidos.

Injetada em determinado músculo, a toxina liga-se aos seus terminais nervosos e inibe a libertação de acetilcolina, o neurotransmissor responsável por enviar os impulsos elétricos que contraem o tecido muscular. O resultado é a paralisação do movimento muscular, o que produz um efeito "relaxante" nas rugas de expressão. "Faltam-nos dados sólidos sobre os seus efeitos no sistema sensorial a longo prazo", adverte o especialista.

A propriedade da toxina botulínica, de paralisar os músculos, tem indicações terapêuticas, por exemplo, nos doentes com espasmos musculares, vítimas de dores lombares ou cervicais crônicas, certos casos de estrabismo e blefaroespasmo (problema que leva as pessoas a piscarem repetidamente os olhos) ou o excesso de suor nas mãos.

A descoberta do uso estético do Botox para suavizar rugas e marcas de expressão foi feita por um oftalmologista que observou esse efeito em rugas do tipo pé-de-galinha nas pessoas com blefaroespasmo. (Com informações da Agência Lusa)