Programa brasileiro de hipertensão e diabetes é melhor do mundo, diz Opas

23/07/2002 - 20h34

Brasília, 23 (Agência Brasil - ABr) - O representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no país, Jacobo Finkelman, disse hoje que o Brasil tem o melhor programa de prevenção de hipertensão e diabetes do mundo. "É uma experiência maravilhosa. Não conheço país no mundo que tenha um programa como o do Brasil", declarou, durante encerramento do seminário A Estratégia de Cooperação Técnica OMS/Opas no Brasil para Prevenção e Controle das Doenças não Transmissíveis, em Brasília. Entre as doenças não transmissíveis (DNTs), estão a hipertensão, diabetes e câncer.

O seminário serviu também para a divulgação de um relatório informando que, em todo o mundo, apenas 30% dos ministérios da Saúde, incluindo o do Brasil, destinam verbas para redução da incidência e da mortalidade por DNTs.

        As ações de prevenção no Brasil se resumem a campanhas educativas, em que a população é orientada a adotar hábitos saudáveis (não fumar, ingerir alimentos leves e fazer exercícios físicos), e à realização de campanhas de diagnóstico, uma vez que a detecção precoce aumenta a eficácia do tratamento da doença.

A Campanha Nacional de Detecção de Suspeitos de Diabetes, por exemplo, executada pelo Ministério da Saúde em março de 2001, realizou testes de glicemia capilar em 20,7 milhões e identificou 3,2 milhões de suspeitos de diabetes. Para a campanha, o ministério gastou R$ 31 milhões na compra de 30 mil glicosímetros (medidores dos índices de glicose) e R$ 1 milhão na capacitação de profissionais de saúde para fazerem os exames.

        Já com relação à hipertensão, o Ministério da Saúde realizou, em novembro de 2001, a Campanha Nacional de Detecção de Hipertensão, quando foram feitos 11 milhões de exames e identificados 4 milhões de suspeitos. O ministério comprou 34,5 mil tensiômetros (aparelhos usados para medir a pressão arterial) ao custo de R$ 2 milhões. Além da prevenção, o Ministério investe forte no tratamento, distribuindo gratuitamente os medicamentos necessários aos pacientes. Para este ano, está previsto um gasto de R$ 63,2 milhões com medicamentos contra diabetes e R$ 100 milhões com remédios para hipertensão.

O secretário de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, Cláudio Duarte, também presente ao seminário, falou sobre a Campanha de Prevenção do Câncer do Colo do Útero, que já examinou cerca de 38 milhões de mulheres. O câncer do colo de útero é apenas um dos vários tipos de câncer combatidos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde. Este ano, o Inca prevê um gasto de R$ 41 milhões na prevenção, R$ 86,1 milhões no tratamento e R$ 18 milhões na implantação de centros de alta complexidade no tratamento do câncer.

O secretário destacou ainda que um dos mais importantes programas de prevenção no Brasil é o Programa Saúde da Família (PSF), que hoje coloca 15 mil equipes assistindo a cerca de 50 milhões de pessoas, a maioria carentes. O PSF é um importante instrumento para mudar os hábitos das pessoas, com orientações sobre higiene, alimentação e atividades físicas.

        Mortalidade- No continente americano, as doenças não transmissíveis  são responsáveis por 44,1% das mortes masculinas e por 44,7% das femininas, na população menor de 70 anos. São a principal causa de mortalidade prematura na América Latina e no Caribe. E existe uma tendência de manutenção destes níveis de mortalidade relativa nos próximos 20 anos.
IDM