Brasília, 23 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O movimento de resistência islâmica Hamas confirmou hoje a morte de Salah Shehade, o líder do braço armado da organização, as Brigadas de Izzedine al Qassam, em um bombardeio israelense à Cidade de Gaza, que matou mais 10 pessoas, incluindo crianças, e feriu dezenas. O ataque ocorreu na noite de ontem (22), com Israel usando um caça F-16 para realizar o ataque, no centro da cidade. As informações são da CNN.
As autoridades israelenses culpavam Shehade por centenas de ataques terroristas que resultaram na morte de muitos israelenses. O bombardeio levou uma multidão de seguidores do Hamas às ruas de Gaza, onde os manifestantes pediram vingança.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, divulgou um comunicado em que afirmou que o "governo de Israel deve suspender tais ações e deve se comportar de uma maneira que não permita a morte de civis inocentes".
Falando hoje em uma reunião de seu gabinete, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, classificou o ataque aéreo de um sucesso. "Nós não temos interesse em atingir civis inocentes e sempre lamentaremos que civis tenham sido atingidos por essa ação, que, na minha opinião, foi um dos nossos maiores sucessos", disse Sharon. "E, é claro, isso nos obriga a nos manter em total estado de alerta".
Fontes médicas palestinas disseram que pelo menos 11 pessoas foram mortas no bombardeio. Outras autoridades disseram que o F-16 lançou um míssil na direção de uma área residencial, atingindo três prédios. Cerca de 150 pessoas também ficaram feridas, e corpos estavam sendo retirados do meio dos escombros, segundo as fontes.
Ao todo, sete crianças – incluindo um bebê de 2 meses – e quatro adultos foram mortos. Dos feridos, 15 encontram-se em estado crítico. O ataque visou a casa de Shehade, e matou também sua mulher e três de seus seis filhos. Os corpos foram identificados em um hospital.
O negociador-chefe da Autoridade Palestina, Saeb Erakat, classificou o ataque de um "ato repugnante". "Eu não acho que Sharon tenha pretendido, ao fazer isso, dar ao processo de paz qualquer chance", declarou Erakat. "Nada justifica visar e bombardear essa área residencial".
Um porta-voz do Hamas afirmou que Israel pode esperar uma represália.
Mesmo classificando o ataque aéreo de um sucesso, Sharon pediu as Forças de Defesa de Israel que reexaminassem a operação. "Eu gostaria que o ministro da Defesa analisasse a mais recente operação, em que atingimos, talvez, o mais alto dirigente do braço militar do Hamas...", disse Sharon.
Em 1996, Yahya Ayyash, outro importante dirigente militar do Hamas, conhecido como "O Engenheiro", foi morto em Gaza, em um ataque amplamente atribuído ao serviço de segurança israelense Shin Bet. A morte de Ayyash levou a quatro atentados suicidas de retaliação, assumidos pelo braço armado do Hamas, que mataram dezenas de israelenses.