FHC cobra de países ricos mais atenção às mudanças climáticas do planeta

23/07/2002 - 14h49

Brasília, 23 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou hoje dos países desenvolvidos uma posição mais efetiva em relação às mudanças climáticas que vêm ocorrendo no planeta. Em discurso na cerimônia em que assinou a ratificação pelo Brasil ao Protocolo de Quioto - acordo internacional que prevê a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, responsáveis pelo aquecimento global -; o presidente, sem citar os Estados Unidos, que ainda resistem em aderir ao acordo, afirmou que o tema não pode ser tratado unilateralmente.

"A resposta à mudança do clima não admite atitudes unilaterais e isolacionistas, porque esse tema é um tema global que afeta a todos os povos, a todas as regiões", afirmou Fernando Henrique diante de ministros, parlamentares e ambientalistas presentes no Salão Leste do Palácio do Planalto. O presidente destacou a importância da solidariedade como o caminho mais eficaz para o tratamento desta e de outras grandes questões contemporâneas. "As conseqüências do que pode ocorrer no aquecimento global, sobretudo para os países menos desenvolvidos, tornam imperativo adotar novos padrões de desenvolvimento e cooperação, seja no plano internacional, seja no Brasil".

No discurso, Fernando Henrique prometeu que na reunião que terá com todos os presidentes sul-americanos em Guayaquil, no Equador, no próximo dia 26, fará junções aos chefes de Estado no sentido de sensibilizá-los para que seus governos também ratifiquem imediatamente o Protocolo de Quioto, iniciativa que pretende liderar também junto a outros governantes que estarão presentes à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, marcada para agosto na África do Sul.

Até o momento, 84 países assinaram o Protocolo de Quioto e 75 oficializaram a ratificação junto à Organização das Nações Unidas (ONU), entre eles as quinzes nações da União Européia e o Japão. Para entrar em vigor, o protocolo deve ser ratificado por 55 países responsáveis por 55% das emissões dos gases do efeito estufa, produzido pela emissão de gases como o dióxido de carbono, o metano e o óxido de nitroso, expelidos pelos escapamentos de carros, pelas usinas de energia que trabalham com carvão, petróleo e gás natural, pelas chaminés de indústrias e queimadas de florestas.

Os maiores emissores desses poluentes são os Estados Unidos (36,1%), Rússia (17,4%), Japão (8,5%), Alemanha (7,4%), Grã-Bretanha (4,4%), Canadá (3,3%), Itália (3,1%), Polônia (3%), França (2,7%) e Austrália (2,1%). O Protocolo de Quioto prevê a redução em 5,2% das emissões mundiais dos gases que provocam o efeito estufa - em relação ao volume registrado em 1990 - até 2012.

O ministro da Ciência e Tenologia, Ronaldo Sardenberg, chefe da delegação brasileira nos fóruns internacionais sobre mudanças do clima, informou que encontram-se em fase final os trabalhos de preparação destinados à elaboração da 1ª Comunicação Nacional à Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas, que inclui o primeiro inventário nacional das emissões antrópicas de gases de efeito estufa do país. Os resultados do levantamento serão apresentados em seminário promovido em Brasília, pelo MCT, de 13 a 15 de agosto.