Embaixador do Paraguai entrega ao governo do Brasil fita com conversa de Oviedo ao telefone

16/07/2002 - 20h19

Brasília, 16 (Agência Brasil - ABr) - O embaixador do Paraguai no Brasil, Luís Gonzáles Árias, informou hoje, em entrevista coletiva, que o seu governo entregou uma fita cassete aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores que, segundo ele, comprovaria a participação do ex-general Lino Oviedo nos acontecimentos políticos paraguaios. Gonzáles disse que Oviedo é responsável por "instigar a violência" e "preparar a revolta" no país.

Gonzáles afirmou também que o Paraguai respeita o governo brasileiro e espera que ele o ajude a manter os princípios democráticos no país, "seja com a extradição de Oviedo ou com a sua remoção da zona de fronteira".

Esta noite, no Ministério das Relações Exteriores, foi realizada uma reunião entre os ministros das Relações Exteriores, Celso Lafer; da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro; os embaixadores Gilberto Sabóia, subsecretário de Política Bilateral do Itamaraty; Adolfo Westhalem, diretor-geral de Assuntos Consulares, Jurídicos e de Assistência a Brasileiros no Exterior; Antonino Mena Gonçalves, diretor-geral do Departamento das Américas; e Luis Paulo Barreto, diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, para avaliar o conteúdo da fita cassete e discutir a situação de Oviedo no Brasil. Amanhã, às 16h, Oviedo dará um depoimento a Luís Paulo Barreto.

Ainda de acordo com o embaixador Gonzáles, o governo paraguaio acusa Oviedo de instruir os seus partidários a pressionar para que o atual presidente, Luiz Gonzalez Macchi, renuncie. "O Paraguai confia na sensatez do governo brasileiro", acrescentou o embaixador, referindo-se às manifestações no país. Segundo ele, não existe justificativa para que Oviedo permaneça em cidades na zona de fronteira já que o seu projeto como pesquisador tem como tema a "Irrigação no Estado do Mato Grosso".

O presidente paraguaio decretou ontem estado de exceção no país, após quatro pessoas terem sido feridas a tiros durante protestos realizados ontem em todo o país contra o seu governo. Com o estado de exceção, o governo limita as liberdades civis, com a proibição de manifestações públicas e reuniões políticas, podendo utilizar as Forças Armadas para o policiamento das ruas.