São Paulo, 16 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador do Programa Brasileiro de Aids, Paulo Roberto Teixeira, representante do Brasil na XIV Conferência de Aids realizada em Barcelona, destacou que a principal reivindicação no encontro foi a necessidade de maior mobilização de recursos internacionais no combate à doença. "As pessoas não estão tendo acesso nem à prevenção, nem ao tratamento e estão morrendo ", afirmou. Ele lembrou que há dois anos, os países ricos argumentavam que o tratamento é muito caro e os países pobres não deveriam ter acesso, pois não haveria um custo benefício concreto. "Hoje, o discurso mudou, mas estão contribuindo com muito pouco", disse.
O Fundo Global para a Aids, Tuberculose e Malária recebeu este ano de países da Europa Ocidental, Estados Unidos, Japão e Canadá cerca de US$ 2,2 bilhões, valor que não é sufuciente, já que na avaliação de Paulo Roberto Teixeira seriam necessários, por ano de US$ 7 a 10 bilhões.
Ele destacou que, no encontro em Barcelona, o Brasil foi a grande referência em programas que combatem a doença no que se refere à prevenção, direitos humanos e tratamento, além da participação da comunidade e de organizações não governamentais. Informou ainda que o Brasil vai desenvolver um programa de cooperação internacional com 10 países. Serão destinados US$ 1 milhão, e nas próximas semanas os interessados irão apresentar os projetos para avaliação. O programa prevê entrega de medicamentos e treinamento dos profissionais na área da saúde desses países.
Uma das razões para o Brasil ser referência no tratamento à Aids é que os números mostram que nos últimos cinco anos cerca de 90 mil mortes foram evitadas. A sobrevida do paciente aumentou de 6 meses para 58 meses desde o início do uso do coquetel anti-aids. O Brasil gasta por ano cerca de US$ 500 milhões no programa de combate a doença., e 115 mil pessoas recebem o coquetel no país. "Nesses 19 anos de combate à doença, a mobilização de toda a sociedade brasileira, de todos os setores, incluindo governo e setor privado, foi muito grande e se transformou numa causa nacional.Com vontade, o país em desenvolvimento pode conseguir resultados positivos como os países ricos. Essa é a grande lição que o país tem passado para o mundo", concluiu.
