Brasília, 13 (Agência Brasil - ABr) - "Deus estava de bom humor quando reuniu Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro para construir Brasília". A frase, de autoria do antropólogo Darcy Ribeiro, um ateu convicto, foi recentemente lembrada pelo escritor Ronaldo Costa Couto, ex-ministro do Interior, para ilustrar a luta pela construção da capital brasileira.
A trajetória do garoto pobre do interior de Minas Gerais, que entrou na vida política por acaso e construiu em tempo recorde uma das mais modernas cidades do mundo é revelada no livro "Brasília Kubitschek de Oliveira". Em entrevista à NBR, o canal de TV a cabo da Radiobrás, Costa Couto explicou que o livro reúne mais de 300 entrevistas, todas documentadas, com histórias de pessoas como José Alves de Oliveira, o "Seu Zé", que ajudou a construir um dos pilares da democracia no País, o Congresso Nacional.
Segundo o escritor, "deu muito trabalho escrever o livro" devido à preocupação em documentar todas as entrevistas e depoimentos. Baseado nesses documentos, o autor destaca as dificuldades do ex-presidente em construir e transferir para o Centro-Oeste a nova capital brasileira. E lembra que JK amava o Rio de Janeiro, mas queria a todo custo transferir a capital.
Na opinião de Costa Couto, Juscelino teria percebido a progressiva ingovernabilidade do País a partir do Rio de Janeiro, devido às pressões políticas ocasionadas pela morte de Getúlio Vargas. Além disso, a mudança da capital favorecia os interesses das empresas de construção civil. E contava com a simpatia das Forças Armadas, que viam de modo favorável a posição geopolítica privilegiada do Centro-Oeste.
Sobre a morte de Juscelino, no quilômetro 165 da Via Dutra, em 1970, o escritor destaca a controvérsia sobre o episódio. Apesar de uma CPI ter concluído, no ano passado, que a morte foi acidental, muita gente ainda acredita que o ex-presidente teria sido assassinado. Para o escritor, a dúvida se deve à figura carismática de JK. "Vai ficar na história sob sombras, sempre na dúvida", disse Ronaldo Costa, em referência ao acidente automobilístico.
O livro está em sua segunda edição. Na primeira, formam produzidos 22 mil exemplares, todos distribuídos pelo Ministério da Cultura nas escolas da rede pública de ensino.