Brasília, 8 (Agência Brasil - ABr) - O pedido de demissão do ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., surpreendeu o presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o porta-voz da presidência, Alexandre Parola, logo após saber da decisão do jurista, o presidente tentou convencê-lo, por telefone, a rever sua postura, já que "sua confiança não estava em jogo".
Apesar de considerar "descabida" a decisão de Reale, Fernando Henrique acabou por aceitar seu pedido de demissão. "Diante disso, o Presidente da República considera demitido o ministro da Justiça, Miguel Reale Jr.", afirmou Parola no início da noite de hoje.
A saída do ministro foi resultado das divergências com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, sobre a crise no Espírito Santo. Reale defendia a intervenção federal no Estado, mas Brindeiro afirmou ao presidente que o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) não tinha fundamento legal. "Hoje o procurador -geral procurou o presidente para informar, que a seu ver, não cabia representação junto ao STF, já que aquele tribunal não opina sobre matéria de fato e limita-se a decidir quanto a questões normativas", explicou o porta-voz.
Parola acrescentou que o presidente optou por instruir o ministro da Justiça "a organizar força tarefa nos moldes do ocorreu no Rio de Janeiro para coibir os abusos e evitar intervenção política às vésperas de uma eleição", mas a decisão deixou Reale insatisfeito.
Miguel Reale Jr. assumiu o ministério da Justiça em abril deste ano, quando o então titular da pasta, Aloysio Nunes Ferreira deixou o cargo em obediência ao prazo de desincompatibilização eleitoral. Ele foi o sétimo ministro da Justiça desde o início do primeiro mandato do presidente em 1994.