Produção industrial registra queda em maio

08/07/2002 - 17h43

Rio de Janeiro, 08 (Agência Brasil - Abr) - A industria brasileira perdeu ritmo de produção depois de ter crescido em abril e fechou o mês de maio com retração de 5,1%, o menor resultado do ano e a maior queda desde maio de 1995, quando o parque fabril havia retraído 10,9%. Segundo o IBGE, responsável pela Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil, a queda já era esperada em razão do surpreendente crescimento verificado em abril, mas superou as expectativas em razão do baixo nível de produtividade.

Os dados divulgados pelo IBGE indicam que a forte retração no índice, já dessazonalizado, reflete resultados negativos em 16 dos 20 ramos pesquisados e em todas as categorias de uso. Entre os ramos, os destaques negativos ficaram com a indústria mecânica (menos 8,8%); material elétrico e de comunicações (menos 8,9%); material de transporte (menos 7,6%); e produtos alimentares (menos 5,7%).

Entre as categorias de uso, as maiores retrações foram bens de consumo duráveis (menos 12,9%); bens de capital (menos 9,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (menos 8,0%), todos com retrações superiores à média nacional de menos 5,1%.

Embora com resultado negativo, a categoria de bens intermediários, com retração de 2,2%, acusou melhor resultado e situou-se acima da média nacional da industria em maio.

A perda do ritmo de produção em maio ocorreu nos principais indicadores. Na comparação com maio de 2001, a redução é de 0,9%. O indicador acumulado no ano aponta queda de 0,3% e a taxa anualizada cai de menos 0,7% em abril para menos 1,2% em maio.

O índice de média móvel trimestral mostra o primeiro recuo (-0,4%) desde dezembro de 2001.
O mês de maio registrou o menor patamar de produção do ano até o momento, ficando 2,1% abaixo da média dos primeiros quatro meses do ano.

Segundo o IBGE, a queda de 0,3% verificada no resultado acumulado pela indústria brasileira entre janeiro e maio deste ano só não foi maior em conseqüência do forte desempenho do setor de extrativa mineral, que fechou os primeiros cinco meses do ano com crescimento acumulado de 11,5%.

Por outro lado, a queda acumulada é mais negativa na indústria de transformação (-1,7%). Quanto aos ramos industriais, as principais pressões negativas vêm de material elétrico e de comunicações (-12,9%), material de transporte (-5,5%) e metalúrgica (-3,3%). Entre as áreas com crescimento acumulado no período, além da já citada extrativa mineral, merecem destaque: produtos alimentares (2,7%), fumo (31,3%) e farmacêutica (13,9%).

Na comparação com maio de 2001, 14 ramos apresentam taxas negativas. As maiores pressões negativas vêm de material elétrico e de comunicações (-16,8%), material de transporte (-12,9%) e metalúrgica (-5,3%). Os principais impactos positivos vêm da extrativa mineral (crescimento de 18,8%), onde destaca-se a produção de petróleo e gás natural, e da química (4,1%), particularmente influenciada pelo aumento na fabricação de álcool anidro.

Por categorias de uso, observa-se crescimento apenas no segmento de bens intermediários (0,5%). Este resultado é favorecido pelo bom desempenho dos subsetores de combustíveis e lubrificantes básicos (22,3%) - devido à alta produção de petróleo e gás natural - e alimentos e bebidas elaborados (21,6%) - com influência positiva dos produtos derivados da cana-de-açúcar.

Ainda na comparação com maio de 2001, a produção de bens de capital caiu 5,9%. Por subsetores, há redução no ritmo, ou mesmo queda, quando se confrontam os resultados dos dois últimos meses. A fabricação de bens de capital para fins industriais passa de um crescimento de 4,3% em abril para uma queda de 4,0% em maio.

A categoria de bens de consumo semi-duráveis e não-duráveis caiu 1,9% e tem todos os seus subsetores em queda, à exceção da produção de carburantes (gasolina e álcool), que teve aumento de 10,6%. Os semiduráveis apontam queda de 3,6% e os alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico, queda de 3,0%.

O segmento de bens de consumo duráveis apresentou a queda mais aguda em maio (-9,7%), com forte pressão da produção de automóveis (-21,5%). Os eletrodomésticos tiveram queda mais suave (-5,2%), enquanto a produção de motocicletas (11,0%) e de bicicletas (11,2%) manteve resultados positivos.

Com o fraco desempenho industrial de maio, os índices de média móvel trimestral mostram perda de ritmo na atividade fabril no trimestre encerrado em maio. Assim, a indústria geral, que vinha crescendo desde dezembro passado, mostra queda de 0,4% neste mês de maio. Esse movimento, observado em todas as categorias de uso, é mais suave em bens intermediários (-0,1%) que nas demais categorias: bens de capital (-1,8%), bens de consumo duráveis (-1,5%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-1,1%).