Acordos Brasil-Argentina devem facilitar retomada do comércio no Mercoul

08/07/2002 - 20h33

Brasília, 8 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, voltou da Argentina mais otimista com o futuro do Mercosul. Depois de reunir-se hoje com aproximadamente 14 empresários japoneses, Amaral explicou como os acordos comerciais acertados na reunião de Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, na semana passada, poderão minimizar a atual crise vivida no bloco comercial.

Segundo o ministro, os avanços vão desde os setores considerados "peça-chave" no bloco comercial, como o acordo automotivo, até os segmentos onde as negociações estavam praticamente emperradas, como na área agrícola, por exemplo. De acordo com o ministro, a Argentina aceitou flexibilizar algumas medidas que impediam o incremento do fluxo comercial entre os países membros do Mercosul.

Amaral disse que o país vizinho vai retirar as restrições à carne suína brasileira em 30 dias e encerrar os processos "antidumping" contra o frango brasileiro num prazo máximo de 90 a 120 dias. Outros compromissos que levaram o governo brasileiro a olhar com 'bons olhos" o futuro do Mercosul, referem-se a atitude das autoridades argentinas de desistirem de questionar o setor brasileiro de têxteis na Organização Mundial do Comércio (OMC), um dos segmentos considerados mais delicados nas negociações multilaterais.

A tão esperada revisão do acordo automotivo também foi acordada como esperava o governo brasileiro. Com a reformulação do novo texto que rege o comércio da indústria de peças e motores entre os principais parceiros do Mercosul, o Brasil espera aumentar o fluxo comercial no bloco até e a partir de 2006, quando Brasil e Argentina se comprometeram a liberalizar o comércio automotivo na região. Para o governo, as mudanças já devem começar num prazo máximo de 30 dias, quando o texto do novo acordo deve ficar pronto.

Apesar do avanço nas negociações, o Brasil precisou dar uma força extra para que os acordos com a Argentina pudessem sair do papel. Como contrapartida, o governo brasileiro precisou provar o apoio à Argentina por meio da criação de uma linha especial de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), como forma de facilitar aos importadores argentinos a quitação dos seus débitos com os exportadores brasileiros que ainda estão sem receber. Segundo os exportadores brasileiros, a dívida com os argentinos é superior a aproximadamente US$ 500 milhões. "O comércio no Mercosul ficará normalizado só quando a Argentina voltar a crescer. Mas isso ajuda na retomada do fluxo das exportações brasileiras", afirmou Amaral.

Outra aposta do governo brasileiro é na aproximação do México com o Mercosul. Depois de firmado o acordo automotivo com o parceiro mexicano, que atualmente é o quarto principal parceiro comercial do Brasil, o governo brasileiro mostrou-se disposto a negociar uma aproximação ainda maior com o México. Segundo Amaral, o Mercosul negociará um acordo de livre comércio com o México, nos próximos meses. "Estamos avançando na linha de acordos de comércio para abrir o mercado para o Brasil", concluiu.