Aviação da Colômbia bombardeia território sob controle rebelde

21/02/2002 - 15h12

Brasília, 21 (Agência Brasil - ABr/CNN) - A Força Aérea colombiana iniciou na madrugada de hoje um bombardeio aéreo em um vasto território sob controle da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O ataque começou horas depois do rompimento do diálogo de paz entre o governo do presidente Andrés Pastrana e os rebeldes. As informações são da CNN.
Na noite de ontem (20), horas depois de os rebeldes terem desviado um avião comercial e seqüestrado Jorge Eduardo Gechem, um senador do Partido Liberal, de oposição, Pastrana encerrou o processo de paz e ordenou que o Exército iniciasse a retomada da chamada zona desmilitarizada, no sul do país, que está sob controle das Farc desde 1998. A região tem 42 mil quilômetros quadrados e uma população de 100 mil habitantes.
Aviões e helicópteros bombardearam "85 pontos estratégicos dentro da zona" e as operações continuam, declarou a porta-voz das Forças Armadas, Consuelo García. Depois dos bombardeios, soldados da infantaria e pára-quedistas, apoiados por helicópteros, aviões e veículos blindados, iniciaram a operação de retomada da área.
"Eu tomei a decisão de não manter o processo de paz com as Farc", disse Pastrana em um pronunciamento à nação. "Com suas ações e sua atitude, esse grupo guerrilheiro encarregou-se de fechar as portas para a solução política". A determinação põe fim a mais de três anos de negociações, iniciadas em janeiro de 1999.
"Decidi pôr fim à zona de distensão", acrescentou Pastrana. "E dei todas as ordens para que as nossas Forças Militares retornem a essa região, tendo especial cuidado com a proteção da população civil".
Pastrana acusou as Farc de usarem a zona desmilitarizada não para avançar nas negociações de paz, mas para treinar guerrilheiros, esconder reféns e estabelecer bases para o tráfico de drogas e de armas.
Os líderes das Farc, em uma declaração transmitida pela Internet, responsabilizaram Pastrana pelo rompimento do processo de paz, afirmando que, de uma "maneira olímpica", o presidente "acabou com a possibilidade de chegar a acordos através da negociação". As Farc são o mais antigo grupo rebelde da Colômbia, que conta com 17 mil combatentes.
Candidatos presidenciais, dirigentes políticos e empresários manifestaram apoio a Pastrana e lançaram um apelo pela unidade nacional.
A escalada dos ataques guerrilheiros no último mês havia fortalecido a campanha do candidato à presidência Álvaro Uribe, um dissidente do Partido Liberal que se caracteriza por seu discurso de linha dura contra os rebeldes. Uribe, de 49 anos, mantém o primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. O sucessor de Pastrana será eleito em maio.