Declarações de Lula sobre morte de cubano repercutem no Congresso

25/02/2010 - 22h20

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamoyo e dos encontros dele com o presidente Raúl Castro e com o ex-presidente Fidel Castro foram criticadas pela oposição no Congresso Nacional. Em nota oficial, a Executiva do DEM disse que o presidente Lula deveria “refletir sobre seu apoio a Cuba”, diante do quadro de barbárie naquele país.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou hoje (25) um voto de pesar pela morte do dissidente Zapata, que morreu após 85 dias de greve de fome. O requerimento foi apresentado pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que também pediu que as condolências sejam enviadas à Embaixada de Cuba no Brasil para que sejam encaminhadas à família de Zapata. O único voto contrário foi do petista João Pedro (AM).

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) condenou as declarações do presidente sobre a “escalada de repressão política em Cuba”. O parlamentar disse que essa postura mostra que o Brasil está abandonando sua posição histórica de defesa dos direitos humanos. Jungmanno criticou a diplomacia brasileira: “esse posicionamento será cobrado no futuro. Foi um péssimo dia para a postura vacilante da diplomacia brasileira com relação aos episódios de Cuba”.

O líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), rebateu as críticas da oposição de que o presidente da República não teria se posicionado sobre a questão dos direitos humanos. Ele elogiou a postura do presidente Lula de lamentar a morte de Orlando Zapata “sem emitir juízo enquanto chefe de Estado para condenar uma nação”.  “Foram declarações com critérios de relações diplomáticas. Foi declaração cuidadosa e expressou com a devida cautela o seu posicionamento”, afirmou.

De acordo com o líder do PT, Lula “é um democrata, um cidadão respeitado mundialmente e no seu país e que, portanto, tem autoridade política de um estadista que está dialogando e participando dos fóruns internacionais com o respeito que adquiriu por conta de sua postura independente, autónoma e respeitosa em relação a outras nações”.