Brasília, 10 (Agência Brasil - ABr/CNN) - Um relatório elaborado pelo Instituto Holandês para Documentação de Guerra sobre o massacre de Srebrenica, na Bósnia-Herzegovina, responsabilizou em parte o Exército da Holanda por entregar civis muçulmanos às forças sérvias apesar das apreensões com relação à possibilidade de assassinatos em massa. O documento também alega que a Organização das Nações Unidas (ONU) não deu apoio suficiente às tropas para defender a população. Cerca de 7.500 bósnios muçulmanos foram mortos em execuções sumárias durante uma semana de julho de 1995, após as forças sérvias tomarem Srebrenica. As informações são da CNN.
O relatório, de 7.600 páginas, foi elaborado com o objetivo de fazer uma ampla revisão dos acontecimentos - incluindo o papel político e militar da Holanda - que levaram ao pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. O diretor do instituto, Hans Blom, disse que o governo holandês enviou 200 soldados mal preparados para Srebrenica, e que a ONU - que havia se comprometido a proteger todos os muçulmanos na cidade - menosprezou os riscos depois que as tropas sérvias tomaram a região.
Segundo o documento, não há provas assegurando que as ordens para o massacre tivessem partido de líderes políticos sérvios em Belgrado. O relatório atribui a responsabilidade primária do massacre ao general bósnio Ratko Mladic, disse o diretor do instituto, Hans Blom, acrescentando que o envolvimento do líder bósnio da época, Radovan Karadzic, não estava claro.
"Os eventos que ocorreram não podem ser descritos como um ato de vingança que saiu de controle. Apesar de terem ocorrido rapidamente e de forma improvisada, a escala e o curso dos assassinatos indicam claramente que foram organizados", afirmou Blom. "Não está claro se (Karadzic) foi informado com antecedência sobre os assassinatos em massa. As relações de Karadzic com Mladic eram frágeis e eles não se comunicavam eficientemente. Não foram encontradas provas que sugerem o envolvimento de autoridades sérvias em Belgrado".
O tribunal de crimes de guerra da ONU indiciou Mladic e Karadzic por acusações de genocídio relativas aos acontecimentos de 1995. Ambos estão foragidos.
Blom também acusou o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic pela desintegração da antiga Iugoslávia, mas não o vinculou diretamente ao massacre de Srebrenica. Milosevic está sendo julgado pela ONU por acusações de crimes de guerra e genocídio.
