Declaração ministerial de Quito deverá manter princípio de equilíbrio no processo negociador

24/10/2002 - 21h04

Rio, 24/10/2002 (Agência Brasil - ABr) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, informou que o governo brasileiro vai defender que os diversos grupos de interesses envolvidos nas negociação para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) - que estarão reunidos no encontro ministerial de Quito, no Equador, a partir do dia primeiro de novembro - façam um acompanhamento periódico para garantir o equilíbrio do processo negociador para a abertura comercial. "É preciso que a área de agricultura avance tanto como a área de serviço, ou de acesso em matéria de produtos industriais", recomendou.

Outro ponto importante, na avaliação do chanceler, é fazer com que as negociações de Quito se dêem de forma multilateral: que é a idéia do princípio de cláusula de Nação mais favorecida. Ou seja, quando se faz uma oferta, é preciso que seja a todos os parceiros. Que ela não seja bilateralizada.

No encontro de Quito, onde o Brasil estará representado pelo Ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, o Brasil vai assumir em Quito a co-presidência da Cúpula Ministerial de desenvolvimento dos estudos para a viabilização da implantação da Alca.

O ministro Celso Lafer disse, ainda, que a prioridade imediata do Brasil é para com o acordo de livre comércio com a Comunidade Andina, que o governo espera concluir até o final deste ano, por entender que a integração latino-americana fortalece para concorrer nos mercados mundiais. Essa não é, no entanto, ressaltou Lafer, uma alternativa. "O Brasil é grande demais para limitar suas opções à sua vizinhança imediata. Por isto, é fundamental continuarmos a explorar as possibilidades que nos oferecem as negociações da Alca, da União Européia e da OMC.

Na avaliação do chanceler, as negociações com a Alca e a União Européia são as que oferecem maiores oportunidades, por se tratarem dos maiores mercados do planeta. São também "negociações difíceis, com parceiros poderosos. Para nos prepararmos, há todo um trabalho de reformas internas que precisa ser feito. Na Alca, buscamos o livre comércio com países que hoje recebem 50% de nossas exportações totais e são destino de 70% de nossos manufaturados. A União Européia recebe mais de um quarto de nossas exportações. O desafio consiste não apenas em abrir o mercado agrícola comunitário. O desafio consiste também em expandir nossas exportações de manufaturados para um mercado ainda pouco explorado por nós," afirmou. (Nielmar de Oliveira)